Presidente diz que críticas à vacinação de crianças deveriam ter sido tratadas apenas por ele e Barra Torres

Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, e Jair Bolsonaro em 2020

Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, e Jair Bolsonaro em 2020

ADRIANO MACHADO/REUTERS - 22/10/2020

O presidente Jair Bolsonaro reclamou, nesta quarta-feira (12), que as críticas que ele fez à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por aprovar a vacinação contra a Covid-19 para crianças tomaram uma proporção que, segundo ele, é desnecessária e garantiu que não brigou com o presidente da autarquia, Antonio Barra Torres.

“Não briguei com o presidente da Anvisa. Questionei sobre o assunto que era, que tinha que ser questionado só por mim e ele, e mais ninguém. De repente, está na imprensa a questão", disse Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto.

Após a Anvisa aprovar o uso da vacina da Pfizer/BioNTech no público infantil, Bolsonaro questionou qual seria o interesse da agência em vacinar crianças. Em resposta, Barra Torres divulgou uma carta em que pede ao presidente que determine uma investigação imediata caso ele tenha informações que indiquem corrupção na Anvisa.

Para Bolsonaro, é natural que ele tenha uma opinião distinta daquela dos representantes de outros órgãos do governo. “Tenho tido conversas ríspidas com ministros, e fica cada um um no canto e pronto. Hoje, cada um tem a liberdade de colocar seus pontos em vista, para nós buscarmos o melhor para o nosso Brasil”, frisou o presidente.

Na sequência, sem mencionar a Anvisa, Bolsonaro reclamou da atuação de algumas agências reguladoras subordinadas ao Executivo, devido à presença de servidores nesses órgãos que são indicados por parlamentares. Segundo o presidente, essas agências criam problemas para o governo.

“Quando se vive uma crise como essa [da pandemia da Covid-19], em que temos problemas, quando se vai à respectiva agência, a gente não tem com quem conversar, porque cada senador, não são todos, quer indicar a sua pessoa lá, que nem sempre atende aos interesses públicos. Lamentavelmente, muitas vezes eu vejo o Tarcísio [Freitas, ministro da Infraestrutura], o Bento [Albuquerque, ministro de Minas e Energia] agoniados, porque a respectiva agência está criando dificuldades. Para quê? Não sei.”