Confúcio Moura afirma que conter a evasão escolar é desafio para governos e sociedade civil

Para o parlamentar, o momento exige a combinação de ações que vão desde a busca ativa pelos alunos evadidos, passando pela melhoria do ambiente escolar até o apoio à sua família

 Nessa quarta-feira (30), o senador Confúcio Moura (MDB-RO) voltou a abordar, em Plenário, sua preocupação sobre a assustadora quantidade de alunos que abandonaram as escolas no período de pandemia, mesmo matriculados e com acesso ao ensino remoto.

De acordo com o senador, com a retomada das aulas presenciais, houve uma superlotação das escolas públicas. “Isso decorre, provavelmente, pela crise econômica e desemprego na classe média que, achatada em suas rendas, passaram a matricular os filhos na rede pública, e assim houve um aumento muito grande de alunos. No entanto, grande parte dos alunos não retornou. Alunos de 7 até 14 anos, adolescentes, que não retornaram às aulas, às escolas, numa estimativa aproximada hoje, conforme dados do IBGE, representa mais de 250 mil alunos que estão fora”, afirmou Confúcio.

O senador rondoniense enfatizou que o número é significativo e preocupante e, somado a isso, é desesperador a situação de 5 milhões de alunos brasileiros que foram privados do direito da atividade escolar presencial por dois anos, apesar de matriculados no ensino remoto. Segundo ele, de uma hora para outra, a Covid-19 impôs restrições de toda ordem à educação.

O parlamentar disse que não menos relevante, permanece o impasse dos professores.  Para ele, a grande maioria dos professores, não estava preparada para o ensino remoto.  “Foi uma improvisação de todo jeito na tentativa de resolver a dramática situação da educação a distância, em suas casas, com as crianças, muitas delas não tendo os equipamentos tecnológicos para acompanhar adequadamente às aulasTivemos, então, dois fatores estruturais para afastar os alunos das aulas. O primeiro, o despreparo dos docentes e a falta de estrutura para a produção e distribuição do conteúdo. O segundo, a fragilidade das famílias para oferecer aos filhos as condições para receber o conteúdo produzido e distribuído”, lamentou Confúcio Moura.

Para o senador, os professores, não sendo instruídos e preparados fizeram muito esforço, mas o aluno comprovadamente não aprendeu. “As pesquisas feitas em São Paulo e em outros estados mostraram que os alunos desaprenderam muito e o pouco que tinham aprendido esqueceram. Isso é extremamente grave. É um prejuízo geracional que nós temos que encarar para os próximos anos”, disse.

Confúcio Moura disse que é imprescindível reverter essa conjuntura e compensar o tempo perdido. “A situação atual da grave evasão escolar exige a necessidade da participação do poder público e da sociedade civil para uma busca ativa de cada aluno para voltar ao à sala de aula. Vale frisar que o combate à evasão escolar está diretamente ligado à aplicação de políticas públicas educacionais eficientes que promovam condições de permanência dos alunos na escola, renda para suas famílias, melhoria da infraestrutura física das unidades escolares, oferta de transporte escolar, acesso às tecnologias digitais, melhoria da dinâmica pedagógica e boa qualidade das transmissões via internet”, elencou o senador, se referindo ao estudo Motivos da Evasão Escolar, produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenado pelo Professor Marcelo Neri.

Ao finalizar, o senador disse que nunca é demais reforçar as medidas de segurança pública na escola e no entorno delas, para garantir a integridade física de alunos, professores e trabalhadores da educação.