Preocupado com a elevação dos níveis de violência nas escolas, Confúcio Moura solicita audiência pública em comissão do Senado


Se a situação não era boa antes da pandemia, com o retorno das aulas presenciais, os indicadores já assustam e o parlamentar rondoniense avalia ser o momento para a busca de soluções

O senador Confúcio |Moura (MDB-RO) apresentou na quinta-feira (24), requerimento à Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal para que seja realizada audiência pública para debater o tema “Como Enfrentar os Problemas da Violência nas Escolas Agravados pela da Pandemia”.

O parlamentar diz que a violência escolar é um fenômeno preocupante no Brasil e assume diversas formas, e possui implicações de todo tipo, o que demandaria investigação com a dimensão social, política e psicológica, para que se possa compreender e adotar as ações mais assertivas para resolver o problema.

Para o Confúcio Moura, a escalada da violência está assustando pais, alunos e profissionais da educação, em particular depois da retomada presencial às aulas. “A pandemia afetou o desenvolvimento das nossas crianças, adolescentes e jovens por tantos meses em casa, sem contato com a escola, com os colegas e familiares. São muitos os sentimentos sobre as perdas vividas. Uma rotina inteira desenvolvida por meio de telas como um hábito a ser superado”, disse.

De acordo com o senador, as situações também de violência e desrespeito aos professores, coordenadores e diretores nas escolas ganham cada vez mais destaque nas mídias e, felizmente, reverberam nas pesquisas. Segundo ele, as agressões nem sempre são físicas e os casos de violência psicológica são bem mais comuns e mais relativizados, pois em geral são considerados como brincadeira.

Infelizmente, no processo da volta às aulas presenciais, estamos vivenciando um turbilhão de acontecimentos nas escolas públicas de educação básica, onde a violência está ocupando papel de destaque”, argumenta.

Para o senador, com o retorno às aulas presenciais se tem a impressão de que os danos ao aprendizado, à socialização e, até mesmo, a melhoria da alimentação começa a ser reparado e que a vida mais normal já é uma realidade. No entanto, pesquisa feita pela Associação dos Professores do Estado de São Paulo (APEOESP) aponta para uma escalada da violência nas unidades de ensino.

Pelos estudos divulgados pela a APEOESP, em 2019, 54% dos professores disseram ter sofrido algum tipo de agressão; em 2017 esse número era de 51% e em 2014 – 44%. Entre os estudantes, em 2019 – 81% relataram saber de episódios de violência na própria escola, o que mostra também um aumento em relação aos anos de 2017, 80% e 2014, 77% entre este público.

Confúcio Moura enfatizou que será necessário fazer muito para que a retomada às aulas “não seja ainda mais dura em função de problemas de comportamento, indisciplina e atos mais graves de violência”, esclareceu.

Para a Audiência Pública, o parlamentar propôs convidar o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Mauro Luiz Rabelo; o médico psiquiatra, educador, especialista em temas ligados à juventude, Jairo Bouer; a secretária de Educação do Governo do Distrito Federal, Helvia Paranaguá;  o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares; e o especialista em segurança pública nas Escolas, Igor Pipolo.