Com o plano definido, membros do PL pediram para que o próprio Bolsonaro liderasse esse processo e assinasse a ação dirigida ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Afinal, era ele o maior interessado. Bolsonaro, no entanto, se recusou a ter sua digital declarada na investida golpista.

Desde a campanha, o ex-presidente não escondia o medo de ser preso, caso fosse derrotado nas urnas. O documento acabou sendo assinado pelo advogado Marcelo Bessa, que tinha uma procuração do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, representando a coligação de Jair Bolsonaro.

A omissão da assinatura de Bolsonaro causou grande irritação entre lideranças alinhadas a Valdemar, que consideraram que o ex-presidente deixou o cacique partidário sozinho e com o “problema no colo”. Para completar, esta mesma ala do PL descobriu um plano do clã Bolsonaro que pretendia dar o comando da legenda para o senador Flávio Bolsonaro.

Valdemar já sinalizou a aliados que se arrependeu de ter apresentado a ação ao TSE, que culminou numa multa de R$ 22,9 milhões aplicada ao PL, além do bloqueio das contas da sigla.

Veja todas as ameaças de Bolsonaro ao STF, Congresso e às eleições

25/02/2020 - Envio de vídeos por WhatsApp convocando para manifestações contra o Congresso e o STF, com frases como "vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil" e "vamos resgatar o nosso poder" — Foto: Reprodução09/03/2020 - "Acredito, pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude. (...) Nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos", disse Bolsonaro durante viagem a Miami, nos EUA — Foto: Gaston de Cadernas/AFP
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19/04/2020 - "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas (...). Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder", discursou Bolsonaro em ato com pedidos de intervenção militar, diante do QG do Exército — Foto: Evaristo Sá/AFP
Entre fevereiro de 2020 e dezembro de 2022, ex-presidente fez 46 ataques aos outros Poderes e à confiabilidade das urnas eletrônicas