Em 2010, ele se recusou a fazer exame de DNA, o que para a Justiça é confissão de paternidade. Em 2012 foi determinado o pagamento de pensão. Bruno recorreu, perdeu na Justiça. Segue sem pagar, negando ser pai de Bruninho

São Paulo, Brasil

Bruno Souza Samudio foi reconhecido como filho do ex-goleiro Bruno no dia 12 de julho de 2012. Por paternidade presumida, após ele se negar a fazer exame de DNA para comprovar ou não se o menino é seu filho. A decisão foi da juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 1ª Vara da Família do Fórum da Barra da Tijuca. 

O ex-goleiro, que foi condenado a 22 anos e três meses por sequestro, assassinato e ocultação de cádaver de Eliza Samudio, soube da decisão no dia 19 de julho de 2012.

Bruno entrou com recurso em Mato Grosso do Sul em que alega que havia feito o reconhecimento de Bruninho de forma voluntária e não realizou exame de DNA. No dia 13 de junho de 2019, sete anos depois, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul negou o recurso. E reconheceu que a dúvida sobre a paternidade estava extinta.

Caberia a Bruno pagar o que a juíza Maria Cristina de Brito Lima fixou como pensão: 17,5% dos seus rendimentos.

Em 2012, a referência era o salário que recebia do Flamengo. O total da pensão no início deveria ser R$ 22 mil.

"O Bruno nunca pagou 1 centavo de pensão", revela a avó de Bruninho, Sonia, mãe de Eliza.

Nas suas contas, a dívida é de R$ 3 milhões.


Vivendo em Mato Grosso do Sul e com grandes dificuldades financeiras, sempre dependeu de doações e "vaquinhas" para manter o menino.

Mas a grande pergunta é por que Bruno não é punido judicialmente, se não paga pensão determinada? Há inúmeros casos de prisão de homens que passam por essa situação.

Desde que saiu da cadeia, ele já jogou profissionalmente no Poços de Caldas; no Rio Branco, do Acre; e no Atlético carioca.

Tem residência fixa em Cabo Frio.

A Justiça não teria problema em localizá-lo.

Só que Bruno recorreu na Justiça e alega que não pagará enquanto não for feito exame de DNA.

O goleiro tem uma filha, que vive com ele e a esposa.

A última vez que Bruno falou da questão, deixou claro estar protegido judicialmente.

"Primeiro temos de saber do resultado do DNA", escreveu nas redes sociais, em junho de 2020.

A questão, para a Justiça, é que Bruno, em 2010, se recusou a fazer exame de DNA. Para a legislação, essa postura tem o mesmo valor que uma confissão.

Se a tese de Bruno estiver certa, e ele não for pai de Bruninho, o terrível assassinato de Eliza Samudio não teria nem motivo. Porque ele aconteceu por ela cobrar pensão do goleiro. Talvez se o jogador, na época, tivesse feito exame de DNA, e fosse constatado que não fosse o pai, nem ele nem seus comparsas pensariam e organizariam o sequestro e a morte da modelo.

E Bruno teria ido jogar no Milan, na Seleção Brasileira, em vez de passar nove anos na cadeia. E seguir marcado pelo assassinato.

Enquanto há essa questão legal, o menino de 11 anos sofre.

A carga psicológica sobre ele é assustadora.

A avó revelou que ele se considera culpado pelo assassinato da mãe. Se Eliza não tivesse engravidado, estaria viva.

E tem a obsessão por mudar de nome, ao atingir a maioridade.

Não quer mais se chamar Bruno ou carregar o sobrenome Souza. 

Passar a assinar Gabriel Samudio.

De acordo com a avó, o medo do pai passou a ser revolta.

Ele garante que Bruno deveria estar em "prisão perpétua".

A realidade é outra.

O goleiro está solto.

E acaba de comprar um carro de R$ 80 mil.

Enquanto a mãe de Elisa Samudio pede doações.

Para comprar o material escolar do neto...