Presidente voltou a dizer que vai pôr fim ao garimpo ilegal em território Yanomami. Ele foi questionado sobre ações para expulsar cerca de 20 mil garimpeiros que exploram áreas indígenas.
Por Pedro Henrique Gomes e Vinícius Cassela, g1 — Brasília
Lula e o chanceler alemão Olaf Scholz durante encontro no Palácio do Planalto — Foto: Reprodução/TV Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (30) que o governo não vai mais conceder novas autorizações para pesquisas minerais em áreas indígenas.
O petista também voltou a afirmar que colocará fim ao garimpo ilegal em territórios indígenas, como o dos Yanomami – que vêm enfrentando uma grave crise de saúde em razão do avanço da atividade garimpeira.
Lula deu as declarações ao ser questionado sobre as medidas que o governo federal tomará para expulsar cerca de 20 mil garimpeiros que exploram florestas e rios onde vivem os indígenas.
A pergunta foi feita durante coletiva de Lula com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz – após encontro entre os dois no Palácio do Planalto.
"Temos que parar com a brincadeira, não terá mais garimpo. O governo brasileiro vai tirar e acabar com qualquer garimpo a partir de agora. E não vai haver mais, por parte da agência de minas e energia, autorização para alguém fazer pesquisa em qualquer área indígena", disse Lula.
Lula, no entanto, não deu um prazo para a retirada da exploração irregular dos territórios indígenas.
Com o fim das autorizações para pesquisa mineral em áreas indígenas, o governo quer evitar que garimpeiros usem as pesquisas como justificativa para ampliar a atividade nos territórios.
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Críticas a Bolsonaro
Lula acusou o governo de Jair Bolsonaro (PL) de incentivar a atividade ilegal em terras indígenas, que teriam causado parte dos problemas que os indígenas Yanomami têm enfrentado, como contaminação dos rios e desnutrição grave.
Na avaliação de Lula, a gestão Bolsonaro pode ser considerada "genocida" por não combater o aumento do número de garimpeiros na região, localizada no estado de Roraima, na fronteira brasileira com a Venezuela.
Nesta segunda-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou a investigação da possível prática dos crimes de genocídio de indígenas por parte de autoridades do governo Jair Bolsonaro.
Tragédia Yanomami: reportagem do Fantástico encontra aldeia em luto no dia em que jovem morreu de fome
A reserva Yanomami
O território Yanomami é a maior reserva indígena do Brasil e vive uma crise sanitária e de segurança alimentar sem precedentes.
O Ministério dos Povos Indígenas estima que ao menos 570 crianças tenham morrido de fome, desnutrição e contaminação pelo mercúrio em 2022.
A emergência humanitária é resultado direto dos cortes de recursos para a saúde indígena no governo de Jair Bolsonaro e da tomada das terras pelo garimpo nos últimos anos.
De acordo com o Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), o governo federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro, tentou esconder a gravidade da crise de saúde entre os indígenas na Terra Indígena Yanomami.
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