Presidente do Senado diz não querer fazer acusações, mas afirma que “comportamentos evitáveis” de Bolsonaro podem ter estimulado ataque

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante entrevista a jornalistas
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (foto), é candidato à reeleição contra Rogério Marinho
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Sérgio Lima/Poder360 - 10.jan.2023

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que os atos de 8 de Janeiro e a minuta encontrada com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, mostram “a pretensão concreta da ruptura institucional e da implantação de uma ditadura” no Brasil.

Havia, de fato, e se comprova hoje isso, um sentimento muito verdadeiro, concreto, real, que não estava no campo das bravatas em relação a atos antidemocráticos e à perspectiva de uma ruptura institucional no Brasil. Tanto que até uma minuta de golpe de Estado foi encontrada”, afirmou Pacheco em entrevista à Folha de S.Paulo publicada na versão impressa deste domingo (29.jan.2023).

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Apesar de dizer que prefere não fazer acusações, o senador afirmou ver nas ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estímulo à divisão dos brasileiros e incapacidade de conter o extremismo de seus apoiadores.

Foram comportamentos evitáveis para um presidente da República e que podem ter, sim, estimulado essa divisão no Brasil, a ponto de se ter o extremismo que culminou no ato de 8 de Janeiro”, avaliou. Para Pacheco, “Bolsonaro foi incapaz de conter o radicalismo, o extremismo daqueles que o admiram. E esse era o papel de um grande líder político que se impunha”.

Na 4ª feira (1º.fev), os senadores eleitos tomam posse e escolhem o próximo presidente da Casa. Pacheco concorre à reeleição contra Rogério Marinho (PL-RN), aliado de Bolsonaro.

Leia abaixo alguns dos temas abordados durante a entrevista e o que disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco:

  • 8 de Janeiro – o político contou que estava em viagem, mas se manteve em contato com o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). “Encaminhei uma mensagem ao governador dizendo da nossa preocupação. E ele me respondeu que todas as tropas estariam nas ruas, que ficaria tudo sob controle, para que eu ficasse tranquilo”;
  • possível golpe – Pacheco classificou o episódio como, “além da arruaça, da depredação, da invasão, do atentado ao prédio físico e à moral dos Poderes, era um atentado à nação brasileira. (…) Naquele instante nós não afastamos nenhuma possibilidade”;
  • legado – “Há erros e acertos” pautados na “boa intenção”, disse. “A maior obra do Senado nesses últimos 2 anos foi a defesa da democracia”, assegurando que qualquer que fosse o presidente da República eleito, ele seria empossado;
  • reeleição – “É a candidatura que acredita nas urnas eletrônicas, na ciência, que respeita os pares, que busca a união do país, que busca respeitar as demais instituições, que busca estabelecer limites através da legislação e não do revanchismo, da retaliação a outro Poder”;
  • CPI – “Se há um fato que justificaria uma CPI é esse atentado contra a democracia. (…) Se, sob o ponto de vista político, houver a conclusão de que uma CPI no início de um governo talvez não seja um bom caminho, essa é uma construção política que terá que ser feita não pelo presidente do Senado, mas por todos os líderes”;
  • relação com o governo – Pacheco afirmou que relação do Senado com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será “de harmonia, de respeito, mas de independência entre os Poderes”. Segundo ele, “o papel do presidente do Senado não pode ser o de base de governo ou de líder de governo. Tampouco pode ser de líder de oposição. Eu devo arbitrar e ser o magistrado das soluções do país.