Criança brasileira entregue para adoção na Alemanha sem permissão da mãe volta ao Brasil

Criança brasileira entregue para adoção na Alemanha sem permissão da mãe volta ao Brasil


Natural de Manaus, criança brasileira entregue para adoção na Alemanha volta ao Brasil após decisão judicial — Foto:  Divulgação
1 de 1 Natural de Manaus, criança brasileira entregue para adoção na Alemanha volta ao Brasil após decisão judicial — Foto: Divulgação

Natural de Manaus, criança brasileira entregue para adoção na Alemanha volta ao Brasil após decisão judicial — Foto: Divulgação

Uma menina de 9 anos retornou ao Brasil, na semana passada, após ser entregue para adoção na Alemanha, sem o conhecimento e permissão da mãe. Nesta segunda-feira (27), o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) informou que a criança já está com a mãe.

A Corregedoria-Geral de Justiça, que faz parte do TJAM, acompanhou o desembarque da menina, que chegou ao Brasil pelo Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, capital de Pernambuco. Foi a primeira vez que a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejaia/CGJ-AM) acompanhou um caso de repatriação, quando a pessoa retorna ao país de origem.

Como a criança foi parar na Europa

De acordo com a justiça estadual, a criança foi deixada na Alemanha no início de 2022 aos cuidados de uma madrinha de batismo quando a mãe precisou voltar ao Brasil.

"Pouco tempo depois, ela teria tido conhecimento de que a filha havia sido entregue ao órgão alemão correspondente ao Conselho Tutelar brasileiro e colocada junto a uma família acolhedora, já em um possível processo de adoção", informou a Corregedoria-Geral de Justiça.

De acordo com a corregedoria, a mãe tentava trazer a menina para o Brasil desde o ano passado. Ela entrou com pedido na Justiça Federal do Amazonas, que determinou o imediato retorno da criança ao Brasil.

Como a menina é amazonense, a justiça pediu que a Cejaia do Amazonas acompanhasse a chegada da criança ao país. A comissão também acompanhou "o trâmite nos primeiros momentos em solo brasileiro".

O corregedor-geral de Justiça do Amazonas, desembargador Jomar Fernandes, explicou que a Cejaia é o setor responsável da CGJ para acompanhar e fiscalizar todas as fases de um processo internacional de adoção de crianças e/ou adolescentes nascidos no Amazonas.

“Como a menina havia sido encaminhada a uma família acolhedora na Alemanha, a Cejaia passou a ter competência nesse processo e, dentro de suas atribuições, atuou em total observância ao princípio do superior interesse da criança, em respeito aos seus direitos, bem como em consonância com o que estabelece o ECA”, ressaltou o corregedor.

A entrega da menina às autoridades brasileiras foi feita com a presença da Polícia Federal e de representantes da companhia aérea à servidora Juliana Villarim Coutinho de Almeida, da Cejaia.

Juliana Villarim Coutinho atua na corregedoria por meio de teletrabalho. "Como reside na Paraíba, ela foi ao Estado de Pernambuco para assistir a menina, evitando, assim, custos adicionais ao Tribunal de Justiça do Amazonas com deslocamento de servidores de Manaus até Recife" , informou o TJAM.

O tribunal confirmou que a "criança está com a mãe".

De acordo com o secretário em exercício da Cejaia, Dalton Pedrosa, a decisão da Justiça Federal que determinou a volta imediata da menina levou em consideração a Convenção de Haia, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n.º 3413/2000. O art. 1.º do documento diz que um dos seus objetivos é assegurar “retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente”.

“Todos os requisitos para a aplicação das regras da Convenção de Haia foram preenchidos, segundo a decisão judicial. Vale salientar que o processo de adoção não obedeceu ao que determina a legislação brasileira para esses casos”, disse Dalton.

Retorno a Manaus

Quando voltar a Manaus (ela ainda está no Recife, segundo informações obtidas pelo g1), a criança e seus familiares deverão ir à Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional no Amazonas, que funciona na sede do Poder Judiciário do Amazonas, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul da capital. "Para dar cumprimento às recomendações da Polícia Federal e encaminhar a documentação exigida pelos órgãos envolvidos no caso", destacou o tribunal.

A justiça estadual não informou quem resgatou a menina na Alemanha e a trouxe para o Brasil. O órgão destacou, ainda, que "outras informações não podem ser divulgadas em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pelo trâmite processual em Segredo de Justiça".

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