Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Alan Santos/PR
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Alan Santos/PR

Nas últimas semanas, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e integrantes da legenda petista endossaram críticas à atuação do BC e de Campos Neto – que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Eles reclamam dos juros altos, atualmente a 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos.

O líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu, publicou na tarde desta segunda-feira no Twitter que "já passou da hora o debate sobre os juros altos no Brasil".

"O presidente do Banco Central, Campos Neto, prestaria um grande serviço ao país, se antecipando e vindo por conta própria ao Congresso", escreveu.

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Adiamento eleições

Durante a reunião desta segunda, o Diretório Nacional do PT também votou pelo adiamento das eleições da sigla para 2025. O pleito estava previsto para ocorrer neste ano.

O último processo de eleições do partido foi em 2020, quando a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) foi reeleita presidente da legenda.

Queda de juros depende de condições econômicas

taxa de juros subiu mais de 11 pontos percentuais entre janeiro de 2021 e agosto de 2022. De acordo com o Banco Central, a medida foi necessária para frear a inflação, agravada por eventos como a pandemia da Covid e a invasão da Ucrânia pela Rússia, além de fatores internos.

Com a disparada dos preços, o BC avaliou que era necessário elevar os juros e, assim, reduzir a circulação de dinheiro na economia – mecanismo que segura a inflação.

Economistas avaliam que a redução dos juros, para não piorar a inflação, deve ser acompanhada de melhorias na economia. O governo precisa dar sinais positivos ao mercado e aos investidores – por exemplo, garantindo responsabilidade fiscal e segurança jurídica.

Isso traria investimentos ao país e manteria as contas públicas sob controle, fatores que contêm a inflação.

O economista Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real e integrante da transição do governo Lula, afirmou em novembro que outra condição é a taxa de juros nos Estados Unidos, em tendência de alta. Quanto maior a taxa norte-americana, mais os investidores vão preferir enviar capital para o país, a principal economia do mundo.

“A queda de juros projetada pelo mercado parece razoável, mas depende da política fiscal responsável no Brasil e da taxa de juros americana. São as duas preocupações que podem afetar a taxa de juros mais a frente”, afirmou o economista.

Maurício Godoi, especialista em crédito e professor da Saint Paul Escola de Negócios, afirma que existe uma "conjuntura internacional complexa, com economias desenvolvidas elevando juros e grande volatilidade de moedas no cenário internacional".

"Já pensando em Brasil, temos incertezas em relação ao futuro fiscal e uma expectativa ainda alta de inflação que continuam a trazer um cenário mais conservador. Por isso, a taxa de juros tende a permanecer mais alta no decorrer do ano", avalia.