Suprema Corte dos EUA declara inconstitucionais políticas afirmativas de raça em universidades

Suprema Corte dos EUA declara inconstitucionais políticas afirmativas de raça em universidades


Monumento "A Contemplação da Justiça" posicionado do lado de fora da Suprema Corte dos EUA — Foto: Evelyn Hockstein/REUTERS
1 de 3 Monumento "A Contemplação da Justiça" posicionado do lado de fora da Suprema Corte dos EUA — Foto: Evelyn Hockstein/REUTERS

Monumento "A Contemplação da Justiça" posicionado do lado de fora da Suprema Corte dos EUA — Foto: Evelyn Hockstein/REUTERS

A Suprema Corte dos Estados Unidos declarou, nesta quinta-feira (29), inconstitucionais as ações afirmativas usadas por universidades americanas para aumentar o número de alunos negros, hispânicos e de outros grupos pouco representados entre os estudantes.

A decisão reverte um entendimento de quase 50 anos. Em 1978, a Corte havia decidido que as universidades não podem criar sistemas de cotas, mas que poderiam usar a raça como critério nas seleções.

O presidente da Suprema Corte dos EUA, o conservador John Roberts, escreveu que o benefício a um estudante que sofre discriminação racial tem que estar relacionado "à coragem e à determinação daquele estudante".

"Em outras palavras, o estudante deve ser tratado com base em suas experiências como indivíduo, e não com base na raça."

Os magistrados decidiram a favor de um grupo chamado "Students for Fair Admissions", fundado pelo ativista conservador Edward Blum.

A decisão foi tomada em processos movidos pelo grupo contra as universidades de Harvard e da Carolina do Norte. Segundo Harvard, cerca de 40% das faculdades e universidades dos EUA consideram a raça de alguma forma durante o processo para selecionar os seus alunos.

Foto de 2019 mostra alunos perto da biblioteca Widener, na Universidade Harvard, nos EUA — Foto: Charles Krupa/Arquivo/AP Photo
2 de 3 Foto de 2019 mostra alunos perto da biblioteca Widener, na Universidade Harvard, nos EUA — Foto: Charles Krupa/Arquivo/AP Photo

Foto de 2019 mostra alunos perto da biblioteca Widener, na Universidade Harvard, nos EUA — Foto: Charles Krupa/Arquivo/AP Photo

Durante o processo, algumas universidades argumentaram que a raça é apenas um dos fatores usados na seleção, e que restringir esse uso levaria a uma redução significativa nas matrículas de alunos de grupos pouco representados.

A Universidade de Harvard, por sua vez, já disse que cumprirá a decisão da Suprema Corte. “Nas próximas semanas e meses, com base no talento e na experiência de nossa comunidade universitária, determinaremos como preservar, conforme o novo precedente da Corte, nossos valores essenciais”.

Os críticos, por outro lado, argumentam que estudantes brancos e asiáticos estariam sendo prejudicados.

Repercussão

Presidente dos EUA, Joe Biden, durante discurso para o país em 29 de junho de 2023 — Foto: Kevin Lamarque/REUTERS

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse durante um pronunciamento para todo o país que é "absolutamente contrário à decisão" da Suprema Corte. Durante o discurso o democrata afirmou que essa não poderá ser a última palavra sobre o assunto.

O ex-presidente Donald Trump se pronunciou sobre a decisão dizendo que esse "é um grande dia para os EUA".

Já o ex-presidente democrata, Barack Obama, disse que "apesar de não ser a resposta ideal", as ações afirmativas garantiram que gerações de alunos sistematicamente excluídos tivessem a oportunidade de se mostrar.

Maioria conservadora

A decisão contrária às ações afirmativas de raça em universidades foi tomada por uma Suprema Corte de maioria conservadora. Dos 9 integrantes, 6 foram indicados por presidentes do Partido Republicano – três deles por Donald Trump (2017-2020).

Em 2022, a Corte reverteu outro entendimento histórico e anulou o direito constitucional ao aborto.

A presença de diversas etnias nas universidades norte-americanas

Nas oito universidades da Ivy League (nome que recebem as 8 melhores universidades dos EUA), o número de alunos não brancos aumentou 55% de 2010 a 2021, segundo dados federais.

Esse grupo, que inclui estudantes nativos americanos, asiáticos, negros, hispânicos, das ilhas do Pacífico e birraciais, representou 35% dos alunos nesses campos em 2021, contra 27% em 2010.

O que acontece com quem já está estudando?

Os alunos que já ingressaram na faculdade não terão suas matrículas canceladas. A decisão afeta somente aqueles que estão se candidatando para estudar nas universidades norte-americanas.

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