Tempestades devastadoras no RS deixaram 31 mortos até esta quarta (6). Meteorologista explica que, se não fosse por El Niño mais severo, chuvas não teriam sido tão fortes.
Por Poliana Casemiro, g1

Ciclones e outros eventos climáticos são provocados pelo fenômeno El Niño
As chuvas devastadoras no Rio Grande do Sul, que deixaram 31 mortos até esta quarta-feira (6), foram provocadas pela formação simultânea de um ciclone extratropical e de uma frente fria que se intensificaram pela ação de um El Niño muito mais severo neste ano (veja mais no vídeo acima).
🔥 O El Niño se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. No Brasil, seu principal impacto é o aumento de chuvas no Centro-Sul e o oposto no Norte, Nordeste e na porção norte do Centro-Oeste. Para piorar ainda mais, estamos vivendo um El Niño atípico, com calor acima da média. Uma das consequências sentidas no Brasil foi a onda de calor no fim de agosto, em pleno inverno.
Segundo a meteorologia, se não fosse por esse fenômeno, a frente fria e o ciclone, que são eventos climáticos comuns, não teriam causado tamanha destruição: provavelmente, teriam resultado em uma chuva de intensidade normal e vento.
Veja, a seguir, mais imagens da tragédia no RS:

Ciclone no RS: entenda como é a formação do fenômeno

Imagens de drones mostram devastação em Muçum, no Rio Grande do Sul
GIF home fotos destruição causada por ciclone no RS — Foto: Arte/g1
Mas foi a frente fria que gerou o ciclone ou o contrário?
Nenhum dos dois, explicam os especialistas. Os fenômenos são conectados e um não teve influência sobre o outro.
Para ilustrar de forma didática, o meteorologista Giovani Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, faz uma analogia:
Para entender o que ocorreu na Região Sul é preciso ter em mente dois pontos:
- Na atmosfera, é frequente que massas de ar se movimentem em sentidos opostos: uma fria para o norte e outra quente para o sul.
- Esse movimento gera reações, como a formação de frentes frias e ciclones. Isso é comum ao longo do ano, levando a mudanças que percebemos nas temperaturas e na intensidade da chuva.
No infográfico abaixo, veja quando se deu a formação dos fenômenos no Rio Grande do Sul:
Cronologia da tragédia no RS — Foto: Arte/g1
👉 As mortes no Rio Grande do Sul em decorrência das chuvas nesta semana superam a maior tragédia natural das últimas quatro décadas no estado até então: em junho deste ano, 16 pessoas morreram no estado.
A condição atual é parecida com a do ciclone de junho, que também estava sob influência do El Niño, fazendo com que os impactos fossem muito maiores do que outros ciclones que já passaram pela região.
Por que o El Niño está acima da média?
Os especialistas explicam que o efeito do El Niño é acelerar os ventos em altitude. Com ventos mais fortes, a atmosfera fica mais instável. Isso acaba favorecendo a formação de nuvens, que são a causa da chuva.
Desde quando meteorologistas deram o alerta sobre a atuação de um El Niño muito mais severo neste ano, já havia uma expectativa de chuvas mais intensas no Rio Grande do Sul.
O que significa que, em caso de surgimento de fenômenos como a frente fria e o ciclone desta semana, eles podem ocorrer com intensidade acima da média.
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), ligado ao Inpe, faz um relatório com a previsão para o trimestre para o Brasil inteiro.
O documento mostra as tendências do clima nas regiões e a expectativa é de chuva acima da média para todo o Sul do país.
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