Uma semana depois, Defesa Civil ainda mantém 'alerta máximo' para risco de colapso de mina em Maceió

Uma semana depois, Defesa Civil ainda mantém 'alerta máximo' para risco de colapso de mina em Maceió


Solo na área em que Braskem explorou sal-gema está afundando a 0,3 cm/h. Alerta só deve ser extinto quando movimentação parar completamente. Mais de 14 mil imóveis já foram desocupados na região.

Por Michelle Farias, g1 AL

  • A Defesa Civil emitiu alerta máximo em Maceió pelo risco de colapso na região de minas da Braskem. Desde o dia 28/11 até a tarde de domingo (3), solo afundou 1,70 m.

  • O movimento de terra na região era medido em milímetros por ano. Hoje a medição é de centímetros por horas, causando uma grande instabilidade.

  • 60% da mina fica na Lagoa Mundaú. Em caso de colapso, água da lagoa pode ficar salgada.

  • O Ministério de Minas e Energia afirmou que o afundamento do bairro de Mutange em Maceió está estabilizado e que, se houver desabamento, será "localizado".

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Nesta segunda-feira (4) completa uma semana desde o alerta de colapso em uma mina que pode abrir uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã em Maceió, e a Defesa Civil ainda mantém o estado de "alerta máximo". Isso porque a velocidade em que a terra cedia na região da mina da Braskem, no bairro do Mutange, era medida em milímetros por ano, mas agora a medida passou a centímetros hora, aumentando significativamente o risco.

Por mais que a gente, nas últimas horas, não tenha registrado sismos, essa velocidade de 0,3 cm/h ainda é muito elevada. Para você ter uma ideia, para que a gente entre em normalidade, é necessário [voltar a] milímetros por ano. Já teve momentos em que registramos 5 cm/h, mas ainda é uma velocidade considerável. Por isso se justifica ainda ficarmos em alerta máximo. A energia que se concentra ali é incalculável e imprevisível", disse o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Aberlado Nobre.

Ainda segundo Nobre, o solo continua cedendo em ritmo lento e já afundou desde o dia 28 de novembro 1,70 m. "Por isso é necessário manter o alerta, deixar a população informada para que aquela região seja evitada. Os pescadores também não devem entrar na área delimitada de segurança. É preciso que a população nos escute e tenha o máximo de atenção", disse.

Imagens mostram o comparatvo do avanoço da Lagoa Mundaú na região onde há grande risco de colapso em Maceió — Foto: Defesa Civil de Alagoas

A instabilidade no solo foi agravada por décadas de mineração feita pela Braskem e provocou a evacuação de mais de 14 mil imóveis em cinco bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas. Somente um ano após o primeiro tremor de terra que abriu rachaduras em ruas e imóveis, em 2018, a empresa encerrou a extração de sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC.

região tem outras 34 minas de responsabilidade da Braskem. Na área da mina 18, que pode colapsar, o solo cede 0,3 cm/h. Nas últimas 24 horas, desde a tarde de sábado (2) até a tarde deste domingo (3), o deslocamento de terra foi de 7,4 cm.

O Ministério de Minas e Energia afirmou neste domingo (3) que o afundamento do bairro de Mutange em Maceió está estabilizado e que, se houver desabamento, será "localizado".

Vale esse 01/12 Mina de extração de sal-gema em Maceió cede quase 2 metros em 72 horas — Foto: Arte/g1

A área no entorno do Mutange já foi completamente evacuada, assim como na maior parte dos bairros vizinhos, Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro. Segundo a Defesa Civil de Alagoas, o colapso da mina não representa mais risco para a população porque as regiões ocupadas estão a uma distância segura.

De acordo com a Braskem, a acomodação do solo da mina pode ocorrer de forma gradual até a estabilização ou de forma abrupta.

A mineradora afirma que vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025.

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