De acordo com o MPI, a mobilização aconteceu na Fazenda Inhuma, na região de Potiraguá. A área foi ocupada por indígenas no último sábado (20), por ser considerada pelos Pataxó Hã Hã Hãi como de ocupação tradicional.
No entanto, os fazendeiros e comerciantes cercaram a área com dezenas de caminhonetes e tentaram recuperar a propriedade, sem decisão judicial. Na mensagem que foi distribuída por meio do Whatsapp, os fazendeiros informaram que a convocação seria em "caráter de urgência" para ação de reintegração da propriedade invadida. Eles também marcaram o Rio Pardo, na entrada de Pau Brasil, no sul da Bahia, como ponto de encontro.
Dois fazendeiros foram detidos, incluindo o autor dos disparos que vitimaram Maria Fátima Muniz de Andrade. O cacique Nailton Muniz Pataxó também foi baleado, mas sobreviveu.
Um indígena que portava uma arma artesanal, também foi detido. Segundo a Polícia Militar, um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável. De acordo com a PM, ao menos outras sete pessoas ficaram feridas.
Entre os feridos está uma mulher que teve o braço quebrado. Outras pessoas que se machucaram foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.
Protesto na BR-101
Em nota, o MST informou que cerca de 500 famílias participaram da ação, se solidarizou com o povo Patoxó Há-Há-Háe e pediu celeridade nas investigações. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trânsito foi liberado após mais de uma hora de interdição na rodovia.
Grupo interdita trecho da BR-101 em protesto contra a morte de indígena no sudoeste da BA — Foto: Reprodução/redes sociais
Reunião do Governador
Ainda no domingo (21), o governador Jerônimo Rodrigues convocou uma reunião com secretários e chefes de segurança para reforçar o monitoramento em áreas de confrontos entre fazendeiros e indígenas.
Eleito em 2022, Jerônimo Rodrigues nasceu em um povoado da cidade de Aiquara, na região sudoeste e é autodeclarado indígena.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) reforçou o patrulhamento na região com unidades territoriais e especializadas da Polícia Militar (PM) e equipes da Polícia Civil também estão na região para ouvir depoimentos de testemunhas.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), informou que uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, chegou ao local nesta segunda-feira (22). A ministra visitou os feridos no hospital, e deve visitar a aldeia, além de participar do velório de Maria Fátima.
O caso é investigado pela delegacia de Itapetinga, cidade a cerca de 79 km de Potiraguá, e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul)
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