Refeição com carne e fala sobre humanidade: as últimas horas do prisioneiro executado por asfixia com nitrogênio nos EUA

Refeição com carne e fala sobre humanidade: as últimas horas do prisioneiro executado por asfixia com nitrogênio nos EUA



Esta foi a primeira vez que os Estados Unidos usaram o método da asfixia por nitrogênio para executar um prisioneiro condenado à morte. O caso ganhou repercussão e foi alvo de questionamentos por órgãos que defendem os direitos humanos.

Os advogados de Smith tentaram reverter a execução até o último momento. No entanto, a Suprema Corte dos Estados Unidos negou os recursos e determinou que a operação prosseguisse.

Smith recebeu a última refeição na manhã de quinta-feira. De acordo com as autoridades penitenciárias, ele comeu bife, batata frita e ovos. Qualquer alimento sólido foi proibido a partir das 10h (13h, em Brasília).

A execução começou às 19h53, pelo horário local (22h53, em Brasília). Cinco jornalistas foram autorizados a acompanhar o procedimento através de um vidro. Parentes do prisioneiro também estavam no local.

Antes do início da execução, Smith fez uma declaração final afirmando que a humanidade estava dando um passo para trás, em referência ao método usado para a morte.

Ele também mandou um recado para os parentes: "Vou embora com amor, paz e luz", disse ele, segundo uma das testemunhas. "Amo todos vocês."

Smith foi declarado morto às 20h25 (23h25, em Brasília).

Estado do Alabama, nos EUA, deve executar homem com método considerado cruel

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Morte

Para a execução, os agentes colocaram uma máscara no rosto de Smith, fazendo com que ele inalasse gás nitrogênio puro. Isso resultou em uma morte por falta de oxigênio.

Os jornalistas que acompanharam o procedimento afirmaram que o prisioneiro pareceu consciente por vários minutos, começando a tremer na sequência.

As testemunhas disseram ainda que Smith se contorceu na maca em que estava por cerca de dois minutos. Depois, ele começou a respirar fundo, até que começou a desacelerar.

“Parecia que Smith estava prendendo a respiração o máximo que pôde”, disse o comissário penitenciário do Alabama, John Hamm.

Antes da execução, autoridades do Alabama disseram em documentos judiciais que esperavam que Smith ficasse inconsciente em menos de um minuto e morreria pouco depois.

No entanto, Hamm afirmou que Smith tentou lutar e enfrentou uma "respiração agoniante". Segundo o comissário, tudo o que aconteceu estava dentro do esperado.

O caso

Comissário do Alabama John Hamm cumprimenta Mike Sennett, filho da mulher assassinada por Kenneth Smith — Foto: REUTERS/Micah Green

Smith foi condenado à morte pelo assassinato de Elizabeth Sennett. O crime aconteceu em 1988 e foi encomendado pelo marido da vítima, que era um pastor.

Segundo os promotores, Smith e um outro homem receberam US$ 1 mil cada pelo serviço. O pastor mandante do crime acabou se suicidando.

Em novembro de 2022, Smith foi submetido à execução com injeção letal, mas os funcionários responsáveis pela operação tiveram dificuldades para encontrar uma veia e falharam.

Após a execução do prisioneiro nesta quinta-feira, Mike Sennett, filho de Elizabeth Sennett, afirmou que a justiça havia sido feita.

"Nada do que aconteceu aqui hoje vai trazer minha mãe de volta. É um dia meio agridoce. Não vamos ficar pulando e comemorando, porque não somos assim. Mas estamos felizes que esse dia acabou", disse.

Kenneth Smith, homem condenado à pena capital no estado do Alabama, nos EUA — Foto: Reuters

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