Eleições em El Salvador: Nayib Bukele, presidente que promoveu encarceramento em massa, deve ser reeleito com mais de 80% dos votos

Eleições em El Salvador: Nayib Bukele, presidente que promoveu encarceramento em massa, deve ser reeleito com mais de 80% dos votos


Se as pesquisas estiverem corretas, Bukele deverá ter mais de 80% dos votos. A projeção mais recente de intenções de votos da Universidad Centroamericana José Simeón Cañas é a seguinte:

  • Novas Ideias (Bukele): 81,9%
  • FMLN (esquerda): 4,2%
  • Arena (direita tradicional) 3,4%
  • Nosso Tempo: 2,5%
  • Força Solidaria: 1,1%
  • Frente Patriótica Salvadorenha: 1%.

Uma parte desses partidos deve desaparecer porque há uma cláusula que determina é preciso ter pelo menos 50 mil votos válidos nas eleições legislativas.

O partido de Bukele deve conseguir 57 das 60 cadeiras.

Bukele está no poder desde 2019. No cargo, ele tem atacado os dois partidos mais tradicionais, a FMLN e o Arena, dizendo que são corruptos. Dois ex-presidentes da Arena foram processados por lavagem de dinheiro e peculato.

Os ex-presidentes se refugiaram na Nicarágua, onde receberam nacionalidade.

Quem é Bukele

Nayib Bukele, o favorito para vencer as eleições neste domingo (4), é filho de um empresário de origem palestina. Antes de se lançar na politica, Bukele trabalhou em uma agência publicitária da família.

Na agência, ele ficou responsável pela conta de um partido político de esquerda que, originalmente, era uma guerrilha: a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que na época era o partido no poder.

Bukele foi de marketeiro a político da FMLN: ele se candidatou para prefeito de uma cidade pequena, Nuevo Cuscatlan, e venceu.

Na prefeitura de Nuevo Cuscatlan, ele conseguiu melhorar os índices de homicídio e doava o salário para estudantes bolsistas. Nessa época, Bukele começou a usar as redes sociais para se promover.

Em 2015, ele foi eleito prefeito de San Salvador, a capital do país. Ele ficou rapidamente famoso por ter revitalizado o centro histórico e construído uma biblioteca.

Bukele era uma estrela em ascensão na política de El Salvador, mas mesmo assim, em 2017, a FMLN e ele se desentenderam. O partido afirmou que Bukele era um político divisivo e que violou o estatuto da FMLN e o expulsou.

Ele então mudou de lado, foi para um partido de direita. Em sua campanha à presidência, afirmou que iria resolver os problemas de violência de El Salvador. Ele foi eleito em 2019.

Policiais perto de local de votação em San Salvador, capital de El Salvador, em 3 de fevereiro de 2024 — Foto: Moises Castillo/AP

Bukele no poder

Em junho de 2019, logo que assumiu o poder, ele demitiu cerca de 400 funcionários públicos pelo Twitter, dizendo que eram empregados por nepotismo ou tinham ligações com a esquerda.

Uma semana depois, ele afirmou no Twitter que era o presidente mais “cool” (descolado) do mundo.

Em 2020, o Parlamento discutia um pacote de US$ 109 milhões para combater o crime. Ele enviou policiais para o prédio.

Ele se sentou na cadeira do presidente da Câmara e disse “agora acho que está claro quem está em controle”. Quando ele saiu do edifício, havia uma multidão para apoiá-lo.

Houve críticas internacionais quase imediatas. A revista “The Economist”, uma das mais importantes do mundo, disse que ele queria se tornar o primeiro ditador millennial da América Latina.

O povo de El Salvador não deu bola. Eles queriam o pacote contra o crime, e os deputados aprovaram o projeto.

Em sua gestão, Bukele tomou diversas decisões controversas para um Estado democrático. Entre outras medidas, ele:{

  • Suspendeu as liberdades civis para combater gangues.
  • Passou a prender suspeitos em massa por serem suspeitos de pertencerem a gangues.
  • Apoiou as medidas da assembleia para demitir juízes e o procurador-geral.
  • Impôs o bitcoin como uma moeda legal.

Os críticos afirmam que no longo prazo essas políticas não são eficazes. Um deles é o analista político mexicano Carlos Perez, que afirma que o encarceramento em massa, por exemplo, é "tão perigoso quanto atrativo para milhões".

"Um modelo baseado em encarceramento em massa simplesmente não é sustentável", ele disse.

O povo de El Salvador gosta: a aprovação de Bukele é de quase 90%, e assim ele resolveu concorrer a um segundo mandato. 

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