E agora, Bolsonaro?

E agora, Bolsonaro?

Por Jotta Junior

A cortina de fumaça que envolvia as intenções do ex-presidente Jair Bolsonaro começa a se dissipar, revelando uma trama que, até então, parecia digna de roteiros de ficção política. O depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira (21), é um dos mais contundentes até agora no processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

O Golpe que Quase Foi

Segundo Baptista Júnior, Bolsonaro apresentou aos comandantes das Forças Armadas minutas de decretos que previam medidas como a decretação de estado de defesa e a criação de uma comissão de regularidade eleitoral, com o claro objetivo de impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma das reuniões, o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, teria afirmado que, caso Bolsonaro tentasse tal ato, teria que prendê-lo.

A situação se agravou quando o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para apoiar a tentativa de golpe. Essa divisão dentro das Forças Armadas evidencia a fragilidade institucional que o país enfrentava naquele momento.

A Persistência da Tentação Autoritária

O episódio revela não apenas uma tentativa de ruptura democrática, mas também a persistência de uma cultura autoritária que ainda permeia setores das Forças Armadas e da política brasileira. A disposição de alguns militares em apoiar medidas inconstitucionais levanta preocupações sobre o compromisso das instituições com a democracia.

Além disso, a tentativa de Bolsonaro de se manter no poder a qualquer custo demonstra uma visão distorcida do papel do líder político em uma democracia. Em vez de aceitar a vontade popular expressa nas urnas, optou por conspirar contra o próprio sistema que o elegeu.

O Papel da Justiça e o Caminho à Frente

Com o avanço das investigações no Supremo Tribunal Federal e na Polícia Federal, é imperativo que a Justiça brasileira atue com firmeza e imparcialidade. A responsabilização dos envolvidos é essencial para restaurar a confiança nas instituições e garantir que tentativas de golpe não se repitam.

A sociedade brasileira também tem um papel crucial nesse processo. É necessário um debate amplo e transparente sobre o papel das Forças Armadas na democracia e a importância de preservar os valores democráticos.

Conclusão

O depoimento de Baptista Júnior é um alerta sobre os riscos que a democracia brasileira enfrentou e ainda enfrenta. É um chamado à vigilância e à ação para proteger as instituições democráticas e garantir que o poder emane do povo e seja exercido em seu nome.

E agora, Bolsonaro? A resposta está nas mãos da Justiça e da sociedade brasileira.

Jotta Junior é radialista e analista político.

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