Eleições Diretas do PT: A Urgência da Renovação com Raízes na História

Eleições Diretas do PT: A Urgência da Renovação com Raízes na História

Por, Jotta Junior.

O Partido dos Trabalhadores está em pleno processo de eleições diretas — um momento crucial que se desdobra em diferentes frentes: zonais, municipais, estaduais e, por fim, na definição da executiva nacional. É uma engrenagem complexa, mas vital para a vida interna do partido que, apesar dos golpes e tropeços ao longo das últimas décadas, segue como uma das mais importantes forças da política brasileira.

As eleições internas do PT têm sido, historicamente, uma vitrine das contradições e das riquezas democráticas da legenda. De um lado, temos a tentativa permanente de ampliar a participação da base, garantir pluralidade de correntes e manter viva a tradição da militância; de outro, há críticas recorrentes sobre a burocratização do processo, disputas internas ferrenhas e a baixa renovação em quadros diretivos.

É nesse cenário que se insere a candidatura de Ernani Coelho à presidência estadual do PT em Rondônia. E não se trata de um nome qualquer.

Filiado ao partido desde 1981, Ernani é daqueles quadros que carregam no corpo e na história o DNA petista. Foi deputado constituinte no Rio de Janeiro, sindicalista de longa data, dirigente partidário, funcionário dos Correios por 49 anos — além de engenheiro e advogado. Hoje aposentado, Ernani busca, com sua candidatura, reafirmar um compromisso com o passado militante e com os ideais originários do partido.

Também não se pode ignorar a conexão de seu nome com uma das figuras mais emblemáticas do PT em Rondônia: a ex-senadora Fátima Cleide, de trajetória combativa, respeitada mesmo entre adversários. Essa conexão, longe de ser apenas uma aliança familiar, é símbolo de continuidade, de uma linhagem política que ainda goza de respeito no interior do partido.

Mas eis o ponto sensível: até que ponto figuras históricas como Ernani conseguem dialogar com a necessidade de renovação que o PT tanto precisa? A juventude petista, as novas lideranças femininas, indígenas, negras e LGBTQIA+ querem mais do que reverência ao passado. Elas clamam por espaço real, por oxigenação de práticas e ideias, por um PT que abrace as pautas do presente com a mesma força com que defendeu os trabalhadores nos anos 80.

Ernani, pela sua trajetória, pode ser uma ponte — desde que não se feche ao novo. Sua experiência, se colocada a serviço da formação política, da unidade e da preparação de quadros, pode contribuir imensamente para um PT mais forte em Rondônia, estado onde a esquerda precisa reorganizar suas trincheiras diante da avalanche bolsonarista que se consolidou nos últimos ciclos eleitorais.

As eleições internas do PT não ganham as manchetes dos grandes jornais, mas são termômetro de algo essencial: a vitalidade de um partido que ainda pulsa em cada diretório zonal, em cada militante que acredita na transformação social pela via coletiva.

Que essas eleições sejam mais do que mera disputa de cargos. Que sejam, de fato, um momento de escuta, de disputa de ideias e de reencontro com a base. O PT não pode viver só de memória. Mas também não pode esquecer de onde veio — e nomes como Ernani Coelho nos lembram, com firmeza e dignidade, dessa origem.

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