EUA querem impor ao Brasil solução legalmente impossível, diz Haddad

EUA querem impor ao Brasil solução legalmente impossível, diz Haddad


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que a negociação tarifária entre Brasil e Estados Unidos não evolui porque o país norte-americano quer impor aos brasileiros uma solução “constitucionalmente impossível”, ou seja, legalmente inviável.

Em um evento organizado pelo canal Times Brasil e pelo Financial Times, Haddad afirmou acreditar que o comércio entre os dois países tende a diminuir ainda mais.

"As negociações só não ocorrem porque os Estados Unidos estão tentando impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que é o Executivo se imiscuir em assuntos de outro Poder, que é o Poder Judiciário", disse Haddad.

Durante o evento, Haddad afirmou que o Brasil está aberto a negociações comerciais com os EUA, mas que Washington não demonstra disposição para dialogar.

Ele acrescentou que não acredita que o impasse com os EUA dure anos, respondendo a uma pergunta sobre a capacidade da economia brasileira de resistir às tarifas elevadas.

"Eu não acredito que isso vai acontecer, em primeiro lugar. Em segundo lugar, hoje o comércio com os EUA representa metade do que representava no começo do século", afirmou.

"E pelo andar dos acontecimentos, eu acredito, infelizmente, que o comércio bilateral vai cair ainda mais", previu.

Haddad destacou, contudo, que Brasil e EUA possuem grande potencial de parceria e que o governo Lula pretende avançar nessas cooperações com Washington.

Como o Brasil responde ao tarifaço?

O governo vai criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas e reduzir tributos sobre exportações, com alíquotas de até 3,1% para grandes e médias empresas e até 6% para micro e pequenas, entre outras medidas.

Além do pacote de apoio às exportadoras, o governo Lula deve enviar nesta segunda-feira a Washington um relatório sobre investigações nas áreas financeira, comercial, digital, ambiental (relacionadas ao desmatamento), combate à corrupção e propriedade intelectual.

Infográfico - Plano de socorro do governo a empresas afetadas pelo tarifaço de Trump. — Foto: Arte/g1

O desafio do arcabouço fiscal do governo

Além do tarifaço, uma das principais preocupações do mercado é a meta fiscal do governo. Segundo o ministro da Fazenda, o governo Lula cumprirá o objetivo este ano e também em 2026.

“Esperem que vamos cumprir o que está pactuado. Sobre cumprimento da meta de gastos, cumprimos ano passado, vamos cumprir esse ano, e também no ano que vem”, disse.
  • 📈 A meta fiscal é o compromisso do governo de equilibrar receitas e despesas públicas, indicando se o país terá superávit, déficit ou equilíbrio no ano. O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, estabelece regras e gatilhos para controlar os gastos e manter as contas públicas sustentáveis.

O ministro também afirmou que poucos acreditavam que, neste governo, o Brasil cresceria, aumentaria a renda da população e sairia do Mapa da Fome — mas isso aconteceu. “Tudo isso é resultado de decisões complexas que tivemos que tomar”, destacou.

No entanto, o governo Lula enfrenta dificuldades para reduzir despesas, já que grande parte do orçamento é obrigatória — como aposentadorias, salários, benefícios sociais e transferências a estados e municípios — e só pode ser modificada com aprovação do Congresso.

* Com informações da agência Reuters

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF — Foto: Diogo Zacarias/MF 

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