
Porto Velho, RO - A Anvisa publicou recentemente uma resolução que autoriza o uso do medicamento Mounjaro (princípio ativo tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade. Essa notícia vem como um marco considerando que, até então, as opções farmacológicas específicas para essa condição eram praticamente inexistentes.
O que exatamente foi aprovado?
A resolução foi assinada na sexta‐feira, 17 de outubro de 2025, e publicada no Diário Oficial da União no dia 20 de outubro. O medicamento Mounjaro já foi usado no Brasil para diabetes tipo 2 e para tratamento da obesidade em determinados perfis. Agora, ele amplia a indicação para adultos com obesidade que também têm apneia obstrutiva do sono, ou seja, aquela condição em que a respiração pausa ou se torna muito superficial, repetidas vezes durante o sono.
A apneia obstrutiva do sono (AOS) afeta milhões de pessoas e costuma estar associada à obesidade, ronco alto, sono agitado e cansaço intenso durante o dia. Até agora, o tratamento mais comum envolveu o uso de máscara de pressão positiva contínua (CPAP) ou intervenções anatômicas, além de perder peso. Como nova indicação, temos um medicamento específico para esse público, o que pode ser uma virada importante.
Como o Mounjaro funciona?
A tirzepatida, apresentada no Mounjaro, tem sobre dois receptores hormonais, GLP-1 e GIP, que regulam o apetite, a ingestão de alimentos e o metabolismo. Isso significa que, ao auxiliar na redução do peso, o medicamento também ajuda a aliviar o peso nas vias aéreas superiores, um dos fatores que agravam a apneia. Estudos clínicos demonstraram reduções expressivas nas interrupções respiratórias: em média, adultos perderam cerca de 20 kg (ou cerca de 18% do peso corporal) com Mounjaro, enquanto também apresentaram declínio de até 30 eventos de apneia/hora em alguns casos.
Quem pode usar?
De acordo com a Anvisa, a nova indicação é para adultos com obesidade (IMC maior ou igual a 30 kg/m²) ou para adultos com IMC maior ou igual a 27 kg/m² se houver comorbidade relacionada ao peso, como hipertensão, dislipidemia ou apneia do sono. Vale ressaltar que não se trata de uso incluído: a prescrição deve vir de médico, com diagnóstico adequado, e o medicamento continua sob controle.
Quais são os limites e cuidados?
Importante destacar que o Mounjaro não é indicado para todos os pacientes com apneia do sono. Se a apneia for causada por fatores anatômicos (como alterações de via aérea superior sem relação com peso) ou em pessoas sem obesidade, o benefício pode ser limitado. Além disso, como qualquer medicamento potente, há efeitos colaterais a serem considerados: náusea, vômito, constipação, alterações gastrointestinais. Isso já é sabido de seus usos anteriores.
E agora, o que muda no tratamento?
Para pacientes com apneia e obesidade, essa aprovação representa uma nova opção terapêutica, complementando o CPAP, a dieta, o exercício físico e a cirurgia quando indicada. O tratamento pode se tornar mais integrado: emagrecimento + medicamento + monitoramento. No entanto, é preciso frisar que não substitui o diagnóstico, o acompanhamento por especialista e outros tratamentos já estabelecidos.
Por que essa notícia chegou agora?
Nos últimos anos, pesquisas vêm mostrando que tratar a obesidade ajuda a reduzir severamente a apneia do sono. Quando a gordura ao redor da região do pescoço diminui, a tendência de obstrução dormindo também cai. Com base nesses achados, fabricantes e órgãos regulatórios começaram a considerar o os medicamentos de emagrecimento como parte integral da terapia da AOS. Em vários países, o uso da tirzepatida para apneia já havia sido relatado ou aprovado.
O que a gente deve ficar de olho?
Se você ou alguém próximo tem obesidade e ronca bastante ou sente muito cansaço durante o dia, pode valer investigar a possibilidade de apneia do sono. Diagnóstico precoce faz diferença. E, agora, com essa nova indicação, conversar com o médico sobre se o Mounjaro é uma opção para seu caso. Mas atenção: não é uso livre, nem “remédio mágico”. O estilo de vida continua sendo pilar central: alimentação saudável, atividade física, sono de qualidade.
Fonte: Fatos Desconhecidos



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