Habituado à experiência do Pix, brasileiro é mais propenso a abandonar a compra na ausência de opção preferida de pagamento

Um em cada cinco brasileiros desiste de comprar online de viagem se cartão recusado, diz Nuvei
Porto Velho, RO - No Brasil, 19% dos viajantes desistem imediatamente da compra online de viagens quando o cartão é recusado. Globalmente, o índice é de 5%.
Se não encontrarem seu método de pagamento preferido, 65% dos brasileiros também abandonaram o processo.
O comportamento reflete a influência da experiência integrada e integrada fornecida pelo Pix.
Os dados fazem parte do levantamento “O momento decisivo da conversão: de que forma pagamentos simples e ágeis transformam a receita de viagens globais”, realizado pela fintech global de pagamentos Nuvei, em parceria com a consultoria internacional Edgar, Dunn & Company (EDC), especializada em pagamentos e serviços financeiros.
Diferencial competitivo
O estudo traça um comparativo entre países com perfis distintos de maturidade digital, comportamento de consumo e infraestrutura financeira.
Além do Brasil, foram analisados Estados Unidos, Reino Unido, Hong Kong e Espanha. O objetivo é ajudar empresas globais a entender os padrões culturais, regulatórios e tecnológicos que influenciam as ofertas no comércio eletrônico.
A etapa de pagamento deixou de ser apenas uma operação e passou a ser um diferencial competitivo para o setor de viagens.
Pequenos atritos, como falhas de autenticação ou ausência de métodos preferidos, resultam em perda direta de receita e migração de clientes para concorrentes.
Brasil: mercado promissor e desafios
O Brasil aparece como um dos mercados mais promissores, mas também entre os mais desafios. Cerca de 20% dos consumidores brasileiros enfrentam recusas de cartão, contra 13% no Reino Unido.
Na média global, 17% dos viajantes já tiveram o cartão recusado ao comprar passagens — o que representa até US$ 117 bilhões de transações em risco.
Entre os países pesquisados, os brasileiros são os mais propensos a desistir da compra após uma recusa: 19% abandonaram o carrinho e 2% migraram para concorrentes.
Segundo o estudo, essa baixa tolerância decorre da cultura de instantaneidade criada pelo Pix, que atrapalhou etapas e simplificou a notificação de pagamentos.
"Os consumidores brasileiros têm pouca paciência para processos lentos ou checkouts complexos. A capacidade de oferecer pagamentos rápidos e adaptados à realidade local é o que define quem lidera o mercado de viagens online", aponta o relatório.
Comportamento de pagamento e abandono
Quando o cartão é recusado, 79% dos brasileiros tentam novamente em outro momento com o mesmo método, 14% compram em outro site e 2% desistem.
Na mídia global, 82% tentaram novamente com outro meio de pagamento, 13% recorreram aos concorrentes e 5% abandonaram.
Cada recusa ou ausência de método abre espaço preferido para perda de mercado. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a tolerância é maior: 23% e 24% dos consumidores, respectivamente, afirmando que abandonariam a compra sem o método favorito disponível.
“Uma má experiência de pagamento não significa apenas perda de receita; representa também o fortalecimento direto da concorrência”, avalia Peny Rizou, diretora de Fintech do Grupo Etraveli.
Parcelamento, marca brasileira
O parcelamento aparece como diferencial cultural no Brasil. Quando questionados se dividirem o pagamento de viagens entre cartões e milhas ou outro método preferirem, 93% dos brasileiros responderam “sim”, contra 75% na média global e 55% em Hong Kong. Ainda assim, apenas 22% das plataformas oferecem essa possibilidade.
O cartão de crédito segue como método preferido, citado por 77% dos brasileiros, seguido do Pix (71%), que ocupa o segundo lugar.
O Brasil é o único país do estudo em que um sistema instantâneo local aparece entre os dois primeiros. Na Espanha, o Bizum, sistema local, é o segundo método preferido, com 23%.
Fronteira de competição
Para Damien Cramer, vice-presidente sênior global de viagens da Nuvei, o setor vive uma nova fronteira de competição. "Os pagamentos deixaram de ser função técnica e se desenvolveram estratégia comercial. Cada falha ou ausência de método é uma chance para o concorrente conquistar o cliente. Companhias que tratam pagamentos como parte da experiência, e não apenas como operação, são as que mantêm a liderança dos viajantes."
O estudo conclui que, num mercado cada vez mais digital e exigente, o sucesso nas vendas online de viagens depende de jornadas de pagamento simples, seguras e compatíveis com os hábitos locais.
Soluções para reter o comprador
A pesquisa também destaca que empresas que adotam soluções como pagamento inteligente — que identificam automaticamente a melhor rota de aprovação para o cartão — conseguem reduzir as recusas em até 20%.
Outro recurso eficaz é o uso de gateways com múltiplos adquirentes, que direcionam a transação para a operadora com maior chance de aprovação.
Outras estratégias incluem integração de meios de pagamento locais, como o Pix e carteiras digitais, salvamento seguro de cartões para recompra e otimização do checkout com autenticação invisível e menos etapas de confirmação.
Segundo o estudo, companhias aéreas e agências online que investem nessas soluções reduzem as taxas de conversão e reduzem a perda de clientes.
"A fricção no pagamento não é apenas um detalhe técnico — é uma questão de competitividade. A experiência simples e localizada é o que define quem cresce no digital", conclui o relatório.
Fonte: Carta Capital



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