Deputado de Rondônia demite esposa, cunhada e dois concunhados após denúncia nacional de nepotismo

Deputado de Rondônia demite esposa, cunhada e dois concunhados após denúncia nacional de nepotismo




Reportagem resume matéria publicada pelo portal Metrópoles — autores: Melissa Duarte, Tácio Lorran e Manuel Marçal

Porto Velho, RO - A repercussão foi nacional. O site Metrópoles, um dos maiores veículos de Brasília, revelou que o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) — aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro — empregou a esposa, a cunhada e dois concunhados em cargos comissionados dentro do gabinete dele na Câmara dos Deputados.

Após a denúncia, publicada na quinta-feira (6/11), o parlamentar demitiu todos os quatro familiares na manhã seguinte, sexta-feira (7/11). A informação foi confirmada pelo próprio gabinete.

Segundo apurou a reportagem do Metrópoles, mais de R$ 2,1 milhões já foram pagos em salários à família desde 2020.


💰 Valores pagos à família de Chrisóstomo

NomeParentesco com o deputadoQuanto recebeu da Câmara
Elizabeth Dias de OliveiraEsposa (união estável)R$ 1.200.000,00+
Naara Star de Oliveira Souza DiasCunhadaR$ 386.500,00
Gabriela Aparecida de Lima OliveiraConcunhadaR$ 532.700,00
Luy Ferreira SobralConcunhado (namorado da cunhada)R$ 23.800,00 (em uma única folha)

Elizabeth, além de ser a companheira do deputado, ocupava o salário máximo do cargo de secretária parlamentar, chegando a R$ 18.719,88 mensais, mais auxílios.

A cunhada e a concunhada ocupavam Cargo de Natureza Especial (CNE) — que exige ponto batido e presença na Câmara.


⚖ Nepotismo: o que diz a lei?

Segundo o TCU e o STF, união estável gera parentesco por afinidade e configura nepotismo em cargos comissionados.

Súmula Vinculante nº 13 do STF: proíbe nomeação de cônjuge e parentes até 3º grau para cargos de confiança na administração pública.

A Câmara reforçou que, para cargos CNE, é proibido nomear cônjuges, companheiros e parentes.


🗣 “Eu tenho o emprego que eu quiser”

Ao ser abordada pelos repórteres do Metrópoles dentro do gabinete, a esposa do deputado respondeu:

“Eu tenho o emprego que eu quiser.”

O vídeo viralizou nas redes sociais.


🟡 Chrisóstomo mudou a versão

Na quinta-feira (6/11), o deputado disse que não via problema nas nomeações e que não havia nepotismo.

Um dia depois, mudou o discurso e demitiu todos os familiares.

Em nota, o gabinete afirmou que eles “contribuíram de forma significativa” e que o deputado sofre “retaliações” por seu trabalho político.


📺 Durante entrevista em Rondônia, deputado se vangloriou de atenção da imprensa nacional

E há um detalhe curioso — e revelador.

Pouco antes da matéria do Metrópoles estourar, Chrisóstomo deu entrevista ao jornalista Fábio Camilo, no programa “Manchete do Dia”. Durante a conversa, o deputado declarou, orgulhoso, que estava sendo muito procurado pela imprensa nacional e que estava difícil até “vir a Rondônia dar entrevistas”.

O jornalista alertou:

“Cuidado, deputado. Dê atenção à base. Rondônia vota no senhor. A imprensa nacional não vota.”

O comentário correu os bastidores da política local como um aviso direto: popularidade na mídia nacional não garante voto em casa.


📌 Quem é Coronel Chrisóstomo
-Natural de Tefé (AM), radicado em Rondônia.
-Coronel da reserva do Exército (recebe R$ 27,5 mil mensais).
-Foi eleito em 2018 e reeleito em 2022.
-Declara-se conservador, pró-Bolsonaro, pró-armas e pró-vida.
-Patrimônio declarado ao TSE cresceu 180% de uma eleição para outra.


Conclusão

A denúncia caiu como uma bomba em Brasília e em Rondônia.
-Em apenas 24 horas, o deputado:
-foi exposto nacionalmente,
-recebeu questionamentos sobre nepotismo,
-demitiu toda a família do gabinete.

A pressão política funcionou, e o episódio se torna mais um capítulo da relação tensa entre discurso moralista e prática política dentro do Congresso.

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