Pesquisadores avaliam que um novo cenário epidemiológico é desenhado com o avanço rápido de casos da variante Ômicron

Fiocruz alerta para alta ocupação dos leitos em 2022

Fiocruz alerta para alta ocupação dos leitos em 2022

MARCELO OLIVEIRA/EFE - 22.03.2021

Diante da falta dos dados que são usados para análise da evolução da pandemia, o Observatório Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) emitiu nesta sexta-feira (7) um boletim extraordinário com um único indicador: a taxa de ocupação de leitos de UTI destinados a adultos com covid-19 no SUS (Sistema Único de Saúde).

Para os pesquisadores, o momento atual, com o crescimento rápido de casos da variante Ômicron, desenha um novo cenário epidemiológico. Em comparação com os registros obtidos em 20 de dezembro de 2021, os dados relativos a 5 de janeiro de 2022 mostram aumento relevante no número de pacientes internados nesses leitos.

Comparações desse indicador entre unidades federativas e por unidade federativa no decorrer do tempo mostram-se mais complexas. Entre os Estados, destacam-se Tocantins (23% para 62% de ocupação) e Piauí (47% para 52%).

Nas capitais, chamam a atenção as taxas críticas observadas em Fortaleza (85%), Maceió (85%) e Goiânia (97%), e as taxas na zona de alerta intermediário em Palmas (66%), Salvador (62%) e Belo Horizonte (73%).

Também há um "estranhamento" diante das taxas do Estado do Rio de Janeiro e de sua capital, que se mantêm relativamente estáveis e em níveis muito inferiores àqueles observados nas demais unidades federativas.

A análise destaca ainda a necessidade de acesso, transparência e divulgação das bases de dados e informações para produção de evidências que permitam, por exemplo, indicar o isolamento de pessoas infectadas, restringir contatos e apontar tendências da pandemia, por meio de alertas precoces.

O boletim destaca que, além da nova variante Ômicron, caracterizada até o momento pela alta taxa de transmissão e baixa letalidade e que vem rapidamente se disseminando no País, o cenário atual conta com uma epidemia de influenza pelo vírus H3N2.

Os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz, responsáveis pelo boletim, observam que a maior circulação de pessoas e a realização de eventos com aglomeração durante o fim de 2021 contribuem para impactar negativamente a dinâmica da pandemia e a capacidade de enfrentamento, com impactos sobre a saúde da população e o sistema de saúde.

"O enfrentamento de uma pandemia sem os dados básicos e fundamentais pode ser comparado a dirigir um carro em um nevoeiro, com pouca visibilidade e sem saber o que se pode encontrar adiante. Além disso, vai na contramão de outros países, que passaram a produzir e disponibilizar dados de modo público e transparente para melhor compreender e enfrentar a dinâmica da covid-19", ressaltam.