Ele foi lançado no sábado (21) pelo PSOL para disputar a presidência da Câmara dos Deputados contra o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL)

Lançado pelo PSOL para disputar a presidência da Câmara dos Deputados contra o atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), o parlamentar eleito Chico Alencar falou à reportagem de O TEMPO sobre as expectativas e articulaçôes para a sua eleição. Classificando seu nome como “necessário” e “progressista”, o político fez críticas ao seu rival político e disse acreditar em uma reversão do favoritismo de Lira. 

O deputado do PSOL falou em entrevista que a sua candidatura é necessária porque “a estrutura do parlamento não comporta somente uma candidatura única”, fazendo referência a Lira. Segundo ele, o atual presidente da Câmara representa “a velha tradição política brasileira”.

“Lira fez uma gestão centralizada, vertical, e fez do orçamento público um meio de formar castas de apaniguados. Não tenho nada pessoal contra ele, mas uma divergência da gestão e condução do parlamento”, disse.

Alencar assumiu o favoritismo do seu adversário, mas acredita ser possível reverter o quadro. O partido do deputado eleito é o primeiro a lançar candidatura contra o atual presidente da Casa. Atualmente, 16 partidos já aderiram à reeleição de Lira, entre eles, o PT, de Lula e o PL, de Jair Bolsonaro.

“É verdade que tudo indica que ele tenha esse favoritismo, já está sendo convidado para reuniões. Ele tem a máquina na mão. Já está negociando comissões e mesa diretora, quase um imperador. É claro que o conjunto 513 deputados não pode ser radiografado na sua plenitude neste momento (pela renovação). Tenho expectativa do meu programa para reverter esse quadro”, disse.

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Atualmente vereador no Rio de Janeiro, Chico Alencar retornará à Câmara dos Deputados em fevereiro. Ele foi deputado federal por quatro mandatos. Historiador e professor universitário, Chico foi filiado ao PT até 2005, quando rompeu os laços para criar o PSOL.

À reportagem de O TEMPO, o político afirmou que a sua candidatura quer expressar que há vozes e cabeças independentes no parlamento.

“Precisamos sair do caminho da pequena política, do toma lá dá cá, para fazer do Congresso uma usina de propostas para o Brasil, um espaço de divergência e senso civilizado”, disse, enfatizando que sob sua liderança “não haverá complacência” para quem ataca a democracia.

Ele revelou  alguns dos pontos da reportagem de O TEMPO, que serão, segundo o deputado, ocuidado ambiental , fiscalização orçamento, foco no social, educação pública, revitalizar SUS e ciência e tecnologia. “Não se pode ficar preso em uma pauta moral ou de costumes. Não podemos desviar o assunto”, declarou.

Alternativa

Segundo a líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim, o lançamento da candidatura de Chico Alencar à presidência da Câmara representa uma alternativa aos deputados progressistas, especialmente aqueles que ajudaram a eleger Lula e que sabem “do risco” de eleger Lira. A eleição da nova Mesa Diretora da Câmara ocorrerá no dia 1º de fevereiro, data em que tem início a 57º legislatura.

“Nós sabemos a força que a candidatura do Arthur Lira tem, até pelo que foi o orçamento secreto nesses últimos quatro anos. Que serviu para consolidar à época como a base de apoio pró-Bolsonaro, mas também para ele mesmo. Não é à toa que ele é o favorito nas mais diversas legendas. No entanto, isso não nos inibe de lançar uma candidatura. E que represente um programa progressista", disse.

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