BRASÍLIA — O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira.
A decisão foi informada pelo Ministério da Economia, que não disse quem ficará nos cargos.
Os secretários adjuntos de Funchal e de Bittencourt também pediram demissão.
São, portanto, quatro saídas de secretarios ligados à área orçamentária de uma só vez, logo após a crise aberta no governo pelo plano de criar em novembro o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 para substituir o Bolsa Família.
A medida, que duraria apenas até o fim de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende disputar a reeleição, custaria cerca de R$ 30 bilhões fora do teto de gastos, que limita o crescimento das contas públicas.
É uma nova "debandada" na equipe de Guedes, como o próprio ministro já classificou anteriormente a saída de integrantes da sua equipe. Funchal e Bittencourt estão entre os principais auxiliares de Guedes e teriam deixado o cargo por não concordarem com a violação de regras fiscais.
Energia
Mais cedo, nesta quinta, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Coelho, também pediu exoneração do cargo.
A saída dele ocorre no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que caminhoneiros receberão 'ajuda' do governo para compensar alta do diesel. Ele também não indicou a origem dos recursos.
Derrota de Guedes para ala política precipitou demissão
O Ministério da Economia disse que a decisão da saída dos secretários de Gudes é pessoal. Mas, de acordo com fontes do ministério, a decisão foi tomada porque Guedes não conseguiu impedir um acordo acordo do governo com o Congresso para driblar o teto de gastos e pagar um Auxílio Brasil (novo Bolsa Família) de R$ 400.
Os secretários que pediram demissão eram contra as mudanças, por princípios, mas também porque não queriam ser responsabilizados por desrespeitos às regras fiscais vigentes.
A equipe econômica saiu derrotada da queda de braço com a ala política do governo para abrir espaço de R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022.
"Funchal e Bittencourt agradecem ao ministro pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país", afirma a nota.
Substitutos imediatos também demitidos
A nova debandada na pasta de Guedes provocou uma situação inusitada com a demissão dos titulares de duas pastas importantes, responsáveis pela gestão do Tesouro Nacional, e seus dois substitutos imediatos.
Funchal e Bittencourt eram os donos do cofre e responsáveis pela área fiscal do governo.
A secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, também pediram exoneração de seus cargos nesa quinta-feira, igualmente alegando razões pessoais.
Mas integrantes do ministério dizem que as razões são as mesmas: o drible ao teto de gastos ao qual eles não gostariam de subscrever. Bittencourt é técnico de carreira do ministério e um das pessoas mais póróximas de Funchal dentro da pasta.
Transição até definição dos substitutos
Os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos das secretarias, disse o ministério, sem apresentar os substitutos.
Os secretários demissionários vão aguardar em seus postos as indicações do ministro para seus postos para fazer uma transição adequada. Eles continuam despachando com o ministro nesse período.
Supresa na equipe
O pedido de demissão dos quatro secretários simultaneamente foi vista com surpresa pelos colegas do Ministério da Economia. A saida era esperada, mas não neste momento.
A intenção deles era deixar o governo após o envio ao Congresso de uma mensagem modificativa do Orçamento de 2022, para atualizar a peça com o índice oficial de inflação e a previsão do Auxílio Brasil de R$ 400.
Pela manhã, Paulo Guedes disse a pessoas próximas que todos da sua equipe têm noção de responsabilidade e não deixariam seus cargos agora. Porém, a mudança no teto deixou a permanência dos quatro insustentável
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