A sequência marca o maior número de tentativas de eleger um líder da Câmara desde a década de 1850. Principal candidato conseguiu finalmente virar alguns votos a seu favor nesta sexta.

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Por David Morgan e Gram Slattery, Reuters

O deputado Kevin McCarthy acompanha a 12ª rodada de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 6 de janeiro de 2023 — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein
1 de 3 O deputado Kevin McCarthy acompanha a 12ª rodada de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 6 de janeiro de 2023 — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

O deputado Kevin McCarthy acompanha a 12ª rodada de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 6 de janeiro de 2023 — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

A tortuosa jornada do republicano Kevin McCarthy para se tornar presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos entrou no quarto dia nesta sexta-feira (6), com uma escala de disfunção do Congresso não vista desde antes da Guerra Civil dos Estados Unidos

O republicano da Califórnia enfrenta uma divisão partidária entre a maioria dos republicanos da Câmara que o apoia e 20 conservadores linha-dura que votaram contra ele nas votações anteriores, mesmo depois que McCarthy ofereceu limitar sua própria influência.

Foram 13 rodadas de votações até agora e, apesar da mudança de votos da maioria dos deputados radicais, o republicano ainda não conseguiu a vitória.

"Temos algum progresso acontecendo. Temos membros conversando. Acho que temos um pouco de movimento, então veremos", disse McCarthy.

A sequência de votações fracassadas desta semana marca o maior número de votações para o cargo de presidente da Câmara desde o final da década de 1850.

McCarthy rejeitou uma sugestão de que ele seria um líder fraco: "Pelo visto, gosto de fazer história", brincou.

Câmara dos EUA tenta eleger presidente pelo 4º dia seguido

O presidente da Câmara dos Representantes, conhecida como "speaker", é o terceiro posto mais poderoso na política americana. Essa posição daria a McCarthy autoridade para bloquear a agenda legislativa do presidente Joe Biden, forçar votações para as prioridades republicanas em economia, energia e imigração e avançar em investigações de Biden e seu governo.

Mas os republicanos resistentes querem um acordo que facilite a destituição do presidente e lhes dê maior influência na bancada republicana da Câmara e nos comitês do Congresso.

O deputado Kevin McCarthy acompanha o terceiro dia de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 5 de janeiro de 2023 — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

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218 votos

O candidato a líder da Câmara dos Representantes requer uma maioria absoluta de votos para ser eleito. Esse número atualmente é de 218 votos, mas pode ser menor caso algum deputado se abstenha de votar ou não esteja presente.

Apesar do candidato democrata Hakeem Jeffries aparecer na frente nas primeiras votações, o partido não tem maioria na Câmara e a possibilidade de ele conseguir os votos necessários é bastante remota.

Um grupo de republicanos mais conservadores rejeitam Kevin McCarthy, apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, por ser muito moderado. McCarthy já aceitou muitas das demandas destes deputados, mas a oposição à sua candidatura dentro de seu próprio partido continua forte.

Sem um líder, a Câmara dos Representantes não pode empossar seus novos membros, decidir os integrantes das várias comissões, apresentar projetos de lei, ou abrir qualquer uma das investigações prometidas contra o governo do democrata Joe Biden.

Em 1923, a última vez que teve esse impasse, foram necessárias 9 rodadas para eleger um líder. A votação de 2023 já passou desse patamar e é a mais longa desde 1859, que teve 44 rodadas. O recorde é de 1855, quando teve 133 rodadas em um período de dois meses.

Deputados nos Estados Unidos votam para escolher o próximo presidente da Câmara — Foto: Reuters