Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não vai mais assumir cargo para o qual foi indicado pelo ex-presidente

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro não vai mais assumir o cargo para o qual foi indicado pelo ex-presidente. O coronel Cid foi um dos pivôs da troca de comando do Exército.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, indicou que o presidente Lula esperava iniciativas do Exército para uma volta à normalidade. A declaração foi em entrevista à GloboNewsna manhã desta terça-feira (23).

“O que nós precisamos agora é um crédito de confiança, para que o 8 de janeiro exista – que a gente puna todos os culpados, que a gente identifique todos que participaram daquele ato de vandalismo, de terrorismo, de tentativa de golpe –, mas que a gente deixe e mantenhamos a relação de confiança que as Forças precisam ter por parte do presidente e o presidente por parte da Força”, disse.

No fim da tarde, veio um primeiro movimento importante. O ministro da Defesa confirmou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, não vai assumir o comando do Batalhão de Ações e Comandos de Goiânia, uma unidade de operações especiais do Exército, situada a 200 quilômetros do Palácio do Planalto. A medida foi acertada pelo novo comandante do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

“É uma página virada para que nós possamos pacificar esse país. Mas eu, sinceramente, acho que foi uma coisa muito boa para todos, inclusive para ele também”, disse Múcio.

Uma outra mudança, também confirmada pelo Ministério da Defesa, é a antecipação da saída do coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora do comando do Batalhão da Guarda Presidencial. Ele aparece em um vídeo do dia 8 de janeiro discutindo com um oficial da Tropa de Choque da PM que agia para prender os invasores. O batalhão é um dos responsáveis pela segurança da sede do governo federal.

O presidente Lula criticou a facilidade com que vândalos entraram e permaneceram no Palácio do Planalto durante a invasão.

A saída do coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora do batalhão já estava acertada desde maio de 2022. Como de praxe, ele permanecia no cargo porque, só em abril deste ano, iniciará uma nova designação: um curso de estudos estratégicos que começa em abril na Espanha.

O Diário Oficial desta terça traz ainda duas mudanças no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que também é responsável pela segurança do Presidente da República, do Palácio do Planalto e das residências oficiais. De acordo com o Diário Oficial, as trocas foram por "necessidade do serviço".

general Ricardo José Nigri vai assumir a secretaria-executiva do GSI, segundo posto de comando. O general Marcius Cardoso Netto foi designado para o cargo de secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.

Com as mudanças, sobe para 25 o número de militares lotados no GSI substituídos desde os atos de vandalismo no Palácio do Planalto.

No início da noite, o Centro de Comunicação Social do Exército divulgou uma nota sobre a primeira reunião do novo comandante com os integrantes do alto comando da Força. A nota procura dar um tom de retomada da rotina no Exército. Diz que o general Tomás Paiva discutiu temas internos da instituição e repassou suas primeiras diretrizes.