Ele disse que relação com Legislativo 'será a mais importante' que já teve. E afirmou que não deixará ministros 'no meio da estrada', mas quem fizer algo 'errado' será convidado a se retirar.

Por Guilherme Mazui, Luiz Felipe, Jéssica Sant'Ana, Beatriz Borges e Alexandro Martello, g1 — Brasília

Lula diz que quem fizer algo errado será convidado a se retirar do governo

Lula diz que quem fizer algo errado será convidado a se retirar do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (6) que o governo tem uma tarefa "árdua", mas "nobre". Ele também pregou boa relação com o Congresso e união para acabar com as "brigas familiares". Lula ainda cobrou respeito ao meio ambiente, às leis e à Constituição.

Lula deu as declarações durante pronunciamento na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato como presidente.

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, todos os 37 ministros participaram da reunião. O encontro, que começou pela manhã, encerrou-se no meio da tarde.

No discurso, Lula disse que:

'Entregar o país melhor'

"Nossa tarefa é uma tarefa árdua, mas é uma tarefa nobre. A gente vai ter que entregar este país melhor", disse Lula.

"A nossa posse mostrou que é possível a gente fazer esse país voltar a sorrir" disse Lula

"A nossa posse mostrou que é possível a gente fazer esse país voltar a sorrir" disse Lula

Quem fizer algo 'errado' será convidado a se retirar

Sem mencionar nenhum ministro especificamente, Lula afirmou que não deixará nenhum dos titulares das pastas "no meio da estrada" ao longo do governo.

Ele disse respeitar as indicações políticas que levaram os ministros ao governo.

"Estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês. Vocês foram chamados porque têm competência, vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas que vocês pertencem, e eu respeito muito isso", afirmou.

Lula acrescentou que tratará os subordinados como filhos, apoiando, mas exigindo "muito trabalho".

Segundo o petista, quem fizer algo "errado" será convidado a se retirar.

"Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo e, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça", afirmou Lula.

Reportagens divulgadas nesta semana mostram uma suposta relação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), com um ex-militar apontado como integrante de milícia com atuação na cidade de Belford Roxo (RJ).

A cidade na Baixada Fluminense é governada pelo marido da ministra, Waguinho (União Brasil). Em imagens da campanha eleitoral de 2018, Daniela aparece ao lado do ex-militar, que já foi condenado por homicídio.

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Governo 'precisa da boa vontade' de Lira

Durante o discurso, Lula destacou a importância de um bom relacionamento com o Legislativo.

Disse ter orgulho de ter montado uma equipe de políticos e que não adianta ter um governo composto por técnicos gabaritados, mas não conseguir votos no Congresso.

"É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso e, por isso cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada deputada, cada senador, cada senadora que o buscar", afirmou.

Em outro momento, Lula foi mais específico e citou os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

"Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro. Então, eu quero que vocês saibam que vocês contem comigo, porque eu tenho consciência que não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é o Pacheco que precisa de mim, é o governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado. E assim nós vamos governar esses quatro anos", afirmou.
"Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro' diz Lula

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Respeito ao meio ambiente e às leis

Em outro trecho, o presidente citou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e disse que "empresários de verdade" do agronegócio sabem a "necessidade da produção sem precisar ofender ou adentrar a Floresta Amazônica ou qualquer bioma".

Segundo Lula, esses produtores serão "muito respeitados pelo governo", mas os que agirem fora da lei serão responsabilizados.

Lula diz que "empresários de verdade do agronegócio sabem a necessidade da produção sem precisar ofender ou adentrar a Floresta Amazônica ou qualquer bioma"

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"Aqueles que quiserem teimar e continuar desrespeitando a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, esse a força da lei imperará sobre eles e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. Porque, neste país tudo vale, a única coisa que não vale é o cidadão bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação", disse.

Lula promove nesta sexta sua primeira reunião ministerial com todos os 37 integrantes do primeiro escalão — Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Posse presidencial

O presidente também exaltou os eventos da posse presidencial do último domingo (1º).

"A nossa posse mostrou que é possível a gente fazer esse país voltar a sorrir. É possível fazer essas pessoas voltarem a sonhar, e a nossa obrigação é de transformar esse sonho em realidade. Esse é o compromisso de cada companheiro e de cada companheira que assumiu esse ministério", disse.

"As pessoas pareciam que estavam se encontrando consigo mesmo. É preciso acabar com essas brigas familiares", completou.

"A nossa posse mostrou que é possível a gente fazer esse país voltar a sorrir" disse Lula

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Coordenação dos ministérios

A audiência com os ministros, segundo o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem o objetivo de "dar a partida" à nova gestão petista.

Entre os temas que serão discutidos, estão a coordenação do governo, a situação das obras de cada ministério e as ações a serem tomadas, além da relação com estados e municípios.