Coronel Naime foi alvo de preventiva por suspeita de omissão nas manifestações antidemocráticas de 8 de janeiro. Nova fase mira os policiais Flávio Silvestre de Alencar, Josiel Pereira Cesar e Rafael Pereira Martins

Por Aguirre Talento — Brasília

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante de Operações da PM-DF
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O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante de Operações da PM-DF Divulgação/PM-DF

A Policia Federal prendeu nesta terça-feira o ex-chefe do departamento operacional da Polícia Militar do DF, o coronel Jorge Eduardo Naime, por suspeitas de omissão no planejamento da segurança do dia 8 de janeiro. A prisão preventiva foi cumprida em nova fase da operação Lesa Pátria, que busca identificar os responsáveis pelas invasões das sedes dos Três Poderes. Os outros alvos também são policiais militares, sendo um major, um capitão e um tenente.

Os nomes são investigados por suspeita de omissão na segurança da região. As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os militares na lista de envolvidos com os atos terroristas em Brasília

Ridauto Lúcio Fernandes - General da reserva do Exército — Foto: ReproduçãoCarlos Ibraim Gomes - PM reformado de MG — Foto: Reprodução
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José Paulo Fagundes Brandão - Subtenente reformado do Exército — Foto: Reprodução
Entre os nomes, há PMs da ativa e da reserva, além de integrantes das Forças Armadas e um bombeiro suspeito de financiar os ataques antidemocráticos

Ao todo, são três mandados de prisão temporária e um mandado de prisão preventiva. De acordo com a PF, o objetivo da ação é identificar pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram a invasão e depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF.

Os outros presos são o major da PM Flávio Silvestre de Alencar, o capitão Josiel Pereira Cesar e o tenente Rafael Pereira Martins.

Alencar era subcomandante do 6º batalhão de Polícia Militar do DF, localizado na região da Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios. Ele é considerado especialista em controle de distúrbios civis, tendo realizado formação complementar nesse tema, com curso na PM de São Paulo.

O capitão Josiel Pereira Cesar estava vinculado ao gabinete do comandante-geral da PM, na função de ajudante de ordens. O outro preso, tenente Rafael Pereira Martins, ingressou na PM do DF em concurso de 2019 e não tinha cargo comissionado na estrutura da cúpula da corporação.

Golpistas comemoram, invadem a Praça dos Três Poderes e publicam vídeos nas redes

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O ministro da Justiça, Flavio Dino, repercutiu a operação pelas redes. "Polícia Federal segue fazendo trabalho de investigação dos fatos ocorridos no dia 8 de janeiro. As apurações estão sendo entregues ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, para as providências cabíveis. O Estado de Direito tem o dever de se proteger contra seus 'homicidas'", publicou o ministro no Twitter.

Folga na véspera

O coronel Jorge Eduardo Naime Barreto pediu folga do trabalho às vésperas dos ataques realizados por bolsonaristas golpistas em Brasília. O oficial foi chamado às pressas para atuar contra os invasores. Naime foi exonerado do cargo após a ação dos golpistas.

O militar fez a solicitação de folga no dia 3 de janeiro. No pedido, o oficial demandava a dispensa até 8 de janeiro. A aprovação do pedido foi assinada no dia 5 pelo gabinete então comandante-geral da PM-DF, Fábio Augusto Vieira. Vieira foi exonerado e preso por suspeita de omissão, mas depois o ministro do STF Alexandre de Moraes revogou a prisão de Vieira.

Além de Naime, o ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, também estava ausente da capital federal no dia dos atos golpistas que questionavam o resultado das eleições presidenciais de 2022. Torres também foi exonerado e está preso em Brasília.

Empresário, 'Dona Fátima' e ex-PM presos

Nas últimas semanas, a PF tem realizado operações contra envolvidos nos atos golpistas. Nas fases anteriores, 16 mandados de prisão preventiva e 31 de busca e apreensão foram realizados. Na semana passada, o empresário Lucimario Benedito Camargo, mais conhecido como Mário Furacão, foi detido em Goiás. Já William Ferreira, ex-policial militar e ex-candidato a deputado estadual, foi preso em Porto Velho, em Rondônia.

O policial legislativo Alexandre Hilgemberg foi identificado por ter orientado os golpistas a respeito dos caminhos dentro do Senado, e não atuou para impedir a invasão. O policial foi afastado.

Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, de 67 anos, bolsonarista radical, foi presa pela PF — Foto: Reprodução

Outra pessoa detida pela Lesa Pátria foi Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, conhecida como "Dona Fátima de Tubarão". Ela foi presa no dia 27 do mês passado, em Santa Catarina. A bolsonarista de 67 anos viralizou na internet ao aparecer em um vídeo dizendo que estava "quebrando tudo".