Encontro de Mauro Vieira com Sergei Lavrov ocorreu na sede do Ministério das Relações Exteriores em Brasília. Aproximação de Lula à China e à Rússia tem gerado reações dos Estados Unidos.
Por Filipe Matoso e Kellen Barreto, g1 e TV Globo — Brasília

Chanceleres da Rússia, Sergei Lavrov, e do Brasil, Mauro Vieira, se reúnem no Itamaraty
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, recebeu nesta segunda-feira (17) em Brasília o diplomata russo Sergei Lavrov para discutir a guerra na Ucrânia e a relação comercial entre Brasil e Rússia, entre outros assuntos.
O encontro ocorreu no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e terminou por volta de 12h30. A visita de Lavrov ao Brasil se dá em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de um ano.
Após a reunião, o ministro Mauro Vieira criticou sanções unilaterais aplicadas contra a Rússia e defendeu a intensificação das negociações pela resolução do conflito, com a participação de países amigos.
"Reforcei a disposição brasileira para contribuir para a solução pacífica para o conflito, recordando as manifestações do presidente Lula no sentido de buscar facilitar a formação de um grupo de países amigos para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia. Reiterei nossa posição em favor de um cessar-fogo negociado, com respeito aos direitos humanitários e uma solução negociada com vistas à paz duradoura", disse Vieira.
"Reiterei a posição brasileira sobre a aplicação de sanções unilaterais. Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, têm impacto negativo sobre economias em todo mundo, em especial os países em desenvolvimento", continuou o chanceler.
Já o ministro russo Sergei Lavrov agradeceu pela contribuição do Brasil na solução do conflito.
"Estamos agradecendo pela contribuição em busca da solução desse conflito, desse problema. Estamos levando em consideração e precisamos resolver de forma duradoura. Isto é muito importante vai ser levado em consideração a relação bilateral", afirmou.
Declarações de Lula
O presidente Lula tem defendido um acordo de paz entre os dois países. Em março, Lula conversou por videoconferência com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e defendeu a criação de um "clube da paz", formado por países que poderiam mediar o fim do conflito.
Declarações recentes de Lula sobre o assunto, no entanto, geraram reação do governo dos Estados Unidos.
No último fim de semana, por exemplo, Lula disse que os Estados Unidos e países da Europa têm adotado medidas que, na avaliação do presidente, acabam prolongando a guerra.
A aproximação de Lula à China e à Rússia também tem gerado insatisfação nos norte-americanos. O petista voltou neste domingo (16) de viagem ao país asiático, onde se encontrou com o presidente Xi Jinping.
Nesta segunda, Lula também se encontrará com ministro das Relações Exteriores russo.
O colunista do g1 Valdo Cruz informou que, na opinião de diplomatas americanos, Lula se esqueceu do apoio dos EUA à democracia no Brasil e à própria eleição do petista na disputa com Jair Bolsonaro.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, desembarca em Brasília para encontros com Mauro Vieira e Lula — Foto: Divulgação/Governo da Rússia
Ucrânia não cederá 'um centímetro'
No último dia 7, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, afirmou que o país agradece os "esforços" de Lula para tentar pôr fim à guerra na região, mas acrescentou que o país não cederá "um centímetro" de terra à Rússia.
A publicação, em uma rede social, aconteceu um dia após Lula ter afirmado que o presidente russo Vladimir Putin "não pode ficar com o terreno" invadido na Ucrânia.
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