Senadora do Maranhão assumiu função nesta quinta e fez o primeiro pronunciamento sobre os trabalhos do colegiado. Primeira sessão teve bate-boca entre congressistas da base e da oposição.
Por Filipe Matoso, g1 — Brasília

Relatora da CPI dos Atos Golpistas, Eliziane diz que radicais tentaram golpe, mas não conseguiram
Designada relatora da CPI mista dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (25), a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou, durante o primeiro pronunciamento na função, que "houve uma tentativa de golpe" no país, mas que radicais "não conseguiram" concretizá-la.
Eliziane Gama deu a declaração durante a sessão de instalação da CPI mista que investigará os episódios do dia 8 de janeiro em Brasília.
Durante os atos, vândalos bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Os vândalos danificaram obras de arte e destruíram móveis e equipamentos de trabalho.
"Houve uma tentativa de golpe, mas não conseguiram golpe. Um fato é claro: todos aqui somos contra aquilo que aconteceu, independentemente de ser base ou oposição. Queremos garantir, no Brasil, a democracia cada vez mais forte e firme", declarou a senadora.
Ainda em seu primeiro discurso como relatora da CPI, Eliziane Gama informou que, na próxima reunião da comissão, ela apresentará uma proposta de plano de trabalho.
Há uma expectativa de que a CPI defina, por exemplo:
- datas e horários das reuniões
- cronograma de depoimentos
- votação de requerimentos
Segundo Eliziane Gama, o plano de trabalho vai conter o que a maioria dos integrantes concordar.
"Será uma proposta que vai representar a maioria do colegiado, ouvindo as minorias. [...] O processo democrático se faz com o contraditório e é importante para a democracia", afirmou.
A primeira sessão da CPI, com bate-boca entre parlamentares da base e da oposição, deu uma amostra do clima quente que deve se repetir nas próximas reuniões do colegiado.

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Relatora diz que não aceita intimidação
Na sequência da sessão, Eliziane Gama se dirigiu ao plenário para dizer que não aceitará intimidação e que irá apresentar suas opiniões sobre os temas investigados pela CPI.
"Quero dizer aqui para quem quer que seja que intimidação e constrangimento até podem tentar fazer, mas eu não serei intimidada. Não estou aqui como relatora para agradar ou desagradar ninguém. Estou aqui para fazer meu papel e ter responsabilidade pública. [...] Meu papel como relatora vai ocorrer, minha posição vai ocorrer", afirmou.
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) — Foto: TV Globo/Reprodução
Senador pede imparcialidade
Ao pedir a palavra após o discurso de Eliziane Gama, Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu à relatora que se mantenha imparcial e evite afirmar, antes da produção do relatório, que houve tentativa de golpe.
"O governo federal poderia ter evitado tudo isso. Poderia ter evitado. Tem provas e mais provas, vamos demonstrar isso. Então, quando vossa excelência já diz 'CPI do golpe', 'o golpe que ia acontecer', vossa excelência está fazendo prejulgamento" declarou o senador tucano.
"Eu pediria à vossa excelência que, depois que todos levantassem os dados, que vossa excelência seja o mais imparcial possível", declarou Izalci.
A deputada Duda Salabert discursa no plenário da Câmara — Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Vândalos eram 'peixes pequenos'
Ao pedir a palavra, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) afirmou que, na avaliação dela, os vândalos bolsonaristas radicais que estavam nos atos de 8 de janeiro eram "peixes pequenos" e, diante disso, a CPI precisa ir atrás dos "tubarões".
Esses "tubarões", afirmou a parlamentar, são os organizadores e financiadores dos atos golpistas.
"Sabemos que quem foi preso no dia 8 de janeiro foram peixes pequenos, nós temos que chegar nos tubarões, que são os mandantes, os articuladores e os financiadores. Esta CPI chegará a dados surpreendentes", afirmou.
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