Hacker da Vaza Jato diz que entregou Carla Zambelli por medo de ser morto em 'queima de arquivo'

Hacker da Vaza Jato diz que entregou Carla Zambelli por medo de ser morto em 'queima de arquivo'

 

Walter Delgatti disse que a parlamentar bolsonarista o financiava para cometer irregularidades, como tentar invadir urnas, celulares de ministros do STF e o sistema do TSE

Porto Velho, RO - O hacker Walter Delgatti Neto entregou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em depoimento à Polícia Federal por medo de ser morto numa "queima de arquivo". A informação foi publicada nesta quarta-feira (12) pelo blog do Octavio Guedes.

À polícia, Delgatti disse que a parlamentar bolsonarista o financiava para cometer irregularidades, como tentar invadir as urnas eletrônicas, telefones celulares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo era desmoralizar a Justiça, o seu sistema de informática e os ministros considerados inimigos do bolsonarismo.

Em conversa com pessoas próximas, o hacker disse ter percebido que a deputada marcava encontros em rodovias, em horários quase de madrugada, e que ele tinha o receio de ser eliminado em uma "queima de arquivo". Preso em 2019 por conta desses acessos, Delgatti foi posto em liberdade, voltou a ser detido em junho, acusado de descumprir medidas judiciais, mas foi solto nesta semana.

A parlamentar afirmou que desconhece e nega os fatos noticiados em relação às declarações de Delgatti. Advogado de Zambelli, Daniel Bialski informou que pedirá acesso aos autos e, depois de analisados, tomará todas as medidas cabíveis.

O hacker foi responsável pela divulgação junto à imprensa de conversas entre o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) com procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR). Segundo as conversas, o parlamentar, ex-juiz da Lava Jato, interferia na elaboração de algumas denúncias, que devem ser feitas por promotores, para, em seguida, o magistrado decidir se condena ou não a pessoa investigada.

Em 2021, ministros do Supremo Tribunal Federal declararam a suspeição de Moro nos processos contra o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No ano seguinte, o senador foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral e, por consequência, decidiu ser candidato pelo estado do Paraná.

Em maio de 2023, o STF manteve a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o ex-procurador Deltan Dallagnol a pagar R$ 75 mil a Lula por conta da apresentação do powerpoint em 2016, quando ele acusou o petista sem provas de ter recebido ilegalmente um apartamento empresa OAS.

Também no primeiro semestre, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de Dallagnol, então deputado federal pelo Podemos-PR. O motivo foi a candidatura dele no ano passado mesmo com processos em análise no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Ao longo de 2023, o empresário Tony Garcia apontou ilegalidades de Moro. Durante entrevista ao 247 de 2 de junho, Garcia disse ter sido instruído na Lava Jato a dar uma entrevista à Veja e fornecer à revista informações que pudessem comprometer a carreira do ex-ministro José Dirceu (PT). O delator afirmou que, a mando de Sergio Moro, gravou de forma ilegal o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) em 2018. Garcia afirmou que Moro transformou "Curitiba na Guantánamo brasileira". O ministro do STF Dias Toffoli iniciou investigação sobre as denúncias contra o parlamentar.

Fonte: Brasil247

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