‘Pulse branco da Equipe Sombra’: suspeitos da execução de médicos eram monitorados pela polícia havia meses e usaram o mesmo modelo de carro em outros crimes

‘Pulse branco da Equipe Sombra’: suspeitos da execução de médicos eram monitorados pela polícia havia meses e usaram o mesmo modelo de carro em outros crimes


Corpos de dois investigados foram encontrados na Zona Oeste do Rio, na quinta-feira (5). Três médicos morreram e um foi baleado em um quiosque na praia da Barra da Tijuca.

Por Leslie Leitão, Felipe Freire, TV Globo

Pulse branco usado na execução dos médicos — Foto: Reprodução/TV Globo
1 de 5 Pulse branco usado na execução dos médicos — Foto: Reprodução/TV Globo

Pulse branco usado na execução dos médicos — Foto: Reprodução/TV Globo

Os principais suspeitos de participar da execução de médicos na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, vinham sendo monitorados pela força-tarefa Polícia Civil havia meses. Os corpos de dois deles — Philip Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Nunes de Almeida, o Ryan — foram localizados em dois carros, na noite de quinta-feira (5).

A Delegacia de Homicídios (DH) tinha informações e tentava localizar um Fiat Pulse branco que foi usado no ataque contra os médicos. Segundo a investigação, um modelo da mesma cor havia sido utilizado em outros assassinatos na região.

Philip Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Nunes de Almeida, o Ryan, encontrados mortos e suspeitos da execução de médicos — Foto: Reprodução/TV Globo

Alguns desses criminosos, liderados por Lesk, integravam a milícia da Gardênia Azul, que dominou o local durante três décadas.

Em dezembro do ano passado, em uma aliança com traficantes do Complexo da Penha, eles deram um golpe e se aliaram ao Comando Vermelho na favela. Nesse período, houve uma série de assassinatos, em especial na área da Araticum.

'Ryan' foi encontrado morto dentro de um carro na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução

Grupo alvo da polícia

O grupo, chamado entre os criminosos da facção de Equipe Sombra, também era alvo de uma força-tarefa montada pela Polícia Civil para combater a guerra que vem sendo travada com milicianos e aterroriza a região há quase um ano.

Por volta das 6h de quinta-feira, quando a perícia no quiosque onde os médicos foram mortos foi finalizada, os investigadores da DH notaram que o carro de onde partiram os assassinos era semelhante ao usado em outros crimes.

Entre os alvos dessa força-tarefa estava o braço direito de Lesk, conhecido como BMW, apelido de Juan Breno Malta Ramos Rodrigues.

É ele que, numa interceptação telefônica feita pela Polícia Civil, comenta sobre a localização do suposto alvo que eles queriam executar — o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.

A encomenda seria uma retaliação a outro assassinato nessa guerra entre milicianos e traficantes. Aliado de Lesk, Luís Paulo Aragão Furtado, conhecido como Vin Diesel, foi executado no último dia 16 de setembro, e Taillon era apontado como autor do homicídio.

A linha da investigação da DH é a de que os bandidos receberam a informação errada de um olheiro que passou pelo quiosque. E, como um dos médicos era fisicamente parecido com o alvo do bando, todos foram mortos por engano.

A informação gerou mal-estar na cúpula do Comando Vermelho (CV), que fez reuniões por videoconferência. Com isso, quatro acusados e julgados em uma reunião de traficantes foram torturados e mortos a tiros. O crime teria ocorrido na região conhecida como Cabaret, no Complexo da Penha.

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Corpos encontrados

Veículo foi encontrado na Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio — Foto: Leslie Leitão/TV Globo

A Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil encontrou dois carros com os corpos de quatro homens no fim da noite desta quinta-feira, em ruas da Gardênia Azul e uma próxima ao Riocentro.

Lesk e Ryan foram reconhecidos pelos investigadores. Os outros serão identificados pelo Instituto Félix Pacheco.

Outros dois integrantes da "Equipe Sombra", Bruno Pinto Matias, o Preto Fosco, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, não estariam entre os mortos. Este último teria conseguido fugir do tribunal do tráfico.

Médicos assassinados

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Os médicos estavam hospedados no Hotel Windsor, na Avenida Lúcio Costa, que sedia o 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.

Já o crime foi no Quiosque do Naná, na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Barra da Tijuca, entre os postos 3 e 4. O estabelecimento fica em frente ao Hotel Windsor.

Câmeras de segurança mostram que um carro branco parou em frente ao quiosque pouco antes de 1h de quinta-feira. Três homens desceram do veículo, foram até os médicos e atiraram mais de 30 vezes.

Em seguida, os homens fugiram. Nada foi levado dos médicos. De acordo com as investigações, o carro usado no crime seguiu para a Cidade de Deus.

As vítimas que morreram são:

  • Diego Ralf Bomfim, 35 anos, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP);
  • Marcos de Andrade Corsato, 62 anos;
  • Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos.

Já o médico Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, sobreviveu ao ataque e foi hospitalizado. Até a última atualização desta reportagem, o estado de saúde dele era estável.

Infográfico mostra como foi o assassinato dos três médicos no Rio — Foto: Arte g1

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