Corte Internacional de Justiça ordena que Israel tome todas as medidas para 'prevenir um genocídio' em Gaza

Corte Internacional de Justiça ordena que Israel tome todas as medidas para 'prevenir um genocídio' em Gaza


A sentença, uma decisão temporária sobre o caso e que decidiria pela continuidade ou não do processo, foi lida nesta manhã na sede do tribunal, em Haia, na Holanda. Já a sentença definitiva sobre se Israel comete ou não genocídio em Gaza ainda pode demorar anos para sair (veja abaixo a definição de genocídio).

O caso é o primeiro julgamento internacional sobre a guerra entre Israel e o Hamas. O governo sul-africano acusa o israelense de genocídio. Tel Aviv nega as acusações e havia pedido que o tribunal abandonasse o caso.

No entanto, na sessão para a ler a sentença, a juíza Joan E. Donoghue afirmou que os juízes decidiram que "pelo menos algumas alegações que a África do Sul faz são plausíveis". E, por 16 votos contra 1, a Corte também decidiu determinar que Israel tome medidas para evitar um genocídio.

Tel Aviv deve submeter ainda um relatório à Corte no prazo de um mês especificando quais medidas foram tomadas.

A sentença determina ainda que grupos terroristas que atuam em Gaza, com o Hamas, também devem observar e cumprir as mesmas regras. O ministro de Relações Exteriores da Palestina disse que a decisão temporária da Corte de Haia é "bem-vinda" e se manifesta "a favor da humanidade e das leis internacionais".

O governo israelense ainda não havia se pronunciado formalmente sobre a sentença até a última atualização desta notícia, mas o primeiro-ministro israelense, sem se referir especificamente à decisão do tribunal, disse a guerra continuará.

"Vamos continuar essa guerra até a vitória absoluta. Até que todos os reféns sejam devolvidos e até que Gaza não seja mais uma ameaça para Israel", declarou.

A decisão determinou ainda que a Corte tem jurisdição para julgar se Israel cometeu ou não genocídio e que a África do Sul tem o direito de levar o processo contra Israel à Justiça - o Estado sul-africano é um dos observadores do cumprimento de tratados que impedem que governos cometam genocídio.

Israel nega a acusação e pediu para que a CIJ rejeite o caso. De acordo com os israelenses, o governo da África do Sul está dando cobertura política para o Hamas.

A juíza que leu a sentença disse ainda que os juízes estão "profundamente preocupados com a contínua perda de vidas em Gaza".

A decisão da Corte de Haia é definitiva - não é possível recorrer dela. Mas, apesar de a decisão ser vinculante, ou seja, de cumprimento obrigatório, a CIJ não pode obrigar um Estado a cumpri-la.

A África do Sul pediu ao painel de 17 juízes que emitam nove ordens urgentes, conhecidas como medidas temporárias. Essas medidas têm como objetivo proteger a população civil da Faixa de Gaza durante o tempo em que o CIJ ouve os argumentos dos dois lados e toma decisões.

O primeiro pedido é o que a corte dê ordem a Israel para suspender imediatamente suas operações militares contra Gaza.

Cidadãos sul-africanos protestam em apoio aos palestinos na Cidade do Cabo, na África do Sul, durante julgamento em Haia. — Foto: Esa Alexander/Reuters

O que é genocídio?

Há uma convenção de 1948 sobre prevenção e pena do crime de genocídio que define o crime da seguinte forma: “Um crime cometido com a intenção de destruir, totalmente ou parcialmente, uma nação, uma etnia, uma raça ou um grupo religioso”.

Na prática, são atos como matar, causar danos sérios, deliberadamente impor condições de vida a terceiros para destruir o grupo, impor medidas para impedir nascimentos e transferir crianças compulsoriamente.

O mesmo texto é repetido no Estatuto de Roma, o documento que funda uma outra instância internacional de crimes, a Corte Criminal Internacional.

A Corte Criminal Internacional recebe processos relativos a ações de indivíduos. Já a Corte Internacional de Justiça toma decisões de disputas entre países.

Argumentos da África do Sul

Em sua acusação, a África do Sul afirma que Israel comete atos genocidas que incluem:

  • Matar palestinos na Faixa de Gaza.
  • Causar graves danos mentais e corporais na população.
  • Impor, de forma deliberada, condições para causar destruição física em um grupo.

Argumentos de Israel

O principal argumento de Israel é que o país age em autodefesa contra ameaças de genocídio do grupo terrorista Hamas. 

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