Rio onde mulher desapareceu na Baixada Fluminense está obstruído pelo lixo

Rio onde mulher desapareceu na Baixada Fluminense está obstruído pelo lixo


Mulher desapareceu após carro cair em rio durante temporal. Meteorologista do Cemaden definiu a chuva na Baixada Fluminense como 'histórica' pelo volume.

Por Ben-Hur Correia, RJ1

Rio onde mulher desapareceu na Baixada Fluminense está obstruído pelo lixo

Rio onde mulher desapareceu na Baixada Fluminense está obstruído pelo lixo

O Rio Botas, onde uma mulher desapareceu durante o temporal em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, está obstruído pelo lixo nesta segunda-feira (15). A prefeitura usava uma retroescavadeira para tentar remover o acumulado de resíduos no local e dar escoamento ao rio.

Ao mesmo tempo, os bombeiros continuam as buscas pela cabeleireira Elaine Cristina Souza Gomes, que teve o carro arrastado pela enxurrada na altura da Rua Doze, no bairro Andrade Araújo. O veículo caiu no Rio Botas.

Os bairros próximos ao rio Botas ainda enfrentam alagamentos, desde que o rio transbordou.

O governador Cláudio Castro disse que vai pedir ao presidente Lula prioridade nas obras do Rio Botas.

"As cidades tem que trabalhar cada dia mais na prevenção e nas obras para que isso não aconteça mais", afirmou em coletiva de imprensa.

Lixo acumulado no Rio das Botas, em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo
1 de 5 Lixo acumulado no Rio das Botas, em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo

Lixo acumulado no Rio das Botas, em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo

O marido dela, de 43 anos, que dirigia o carro, foi salvo por moradores da região. Testemunhas contaram que o homem tentou passar com o carro pela enchente. Ele seguia o sinal do GPS e não percebeu quando ultrapassou as margens do Rio.

Bombeiros buscam Elaine Cristina Souza Gomes. Ela estava em um carro que caiu no Rio Botas. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Na manhã desta segunda (15), um grupo de mergulhadores dos bombeiros participava das buscas por Elaine.

Retroescavadeira remove lixo no rio Botas — Foto: Reprodução/TV Globo

Rio das Botas, em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo

Chuva 'histórica' na Baixada Fluminense

Três cidades da Baixada Fluminense registraram, em dois dias, mais chuva do que a média do mês de janeiro. As cidades de MesquitaNilópolis e São João de Meriti tiveram um volume entre 260 mm e 275 mm no sábado (13) e no domingo (14), de acordo com as medições do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. A média para o mês está entre 220 mm e 260 mm, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

De acordo com a Climatempo, a chuva começou de forma localizada na manhã de sábado, mas ganhou força a partir da tarde, continuando por toda a madrugada de domingo e diminuindo durante a manhã.

Pelo menos 11 pessoas morreram e uma mulher segue desaparecida após o carro onde ela estava cair no Rio Botas, em Belford Roxo.

Durante entrevista para a GloboNews, Marcelo Seluchi, meteorologista e coordenador de operações e modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), definiu a chuva que caiu no fim de semana como "histórica" e disse que nenhuma cidade do mundo suportaria um volume parecido.

“Derivou numa chuva que podemos caracterizar como histórica. Choveu mais de 200 mm em 6 horas, quase 240 em 24 horas, são chuvas muito muito intensas. Sobre a questão das cidades, as cidades não estão preparadas para volumes desse tipo. Provavelmente nenhuma cidade do mundo conseguiria suportar uma chuva de mais de 200 milímetros em 6 horas”, disse Seluchi.

A Baixada Fluminense ainda registra pontos de alagamento. Ao g1, o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Philipe Campello Costa Brondi da Silva, informou que agentes do órgão estão em vários pontos da Baixada Fluminense com máquinas e verificando possíveis novos problemas que faz com que a água não escoe em cidades da região.

“A maré está alta e isso é um dos problemas. Estamos percorrendo a Baixada para entender se há outros problemas e quais são para resolvermos. O volume de chuva no Rio de Janeiro foi muito grande. Foram mais de 260 milímetros de chuva em 24 horas. Isso equivale a um mês inteiro de janeiro em um único dia”, disse Campello.

Risco de deslizamento

O Governo do Estado do Rio de Janeiro montou um gabinete de crise no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro da capital fluminense, para a elaboração de estratégias conjuntas para lidar com os efeitos da chuva.

De acordo o Governo do Estado, 8 municípios ainda correm risco de registro de deslizamentos. Neste momento, eles são classificados como alto risco. São eles: SeropédicaRio de JaneiroSão João de MeritiNilópolisMesquitaDuque de CaxiasNiterói e Queimados.

Capital

Pedestres e veículos de todos os tipos enfrentaram zona de alagamento na Avenida Brasil, altura do bairro do Irajá, zona norte do Rio de Janeiro, neste domingo — Foto: Fausto Maia/Thenews2/Estadão Conteúdo

A cidade do Rio de Janeiro também registrou altos níveis de chuva. De acordo com os dados do Alerta Rio, os bairros de Anchieta e Irajá, na Zona Norte, registraram cerca de 40% e 25% a mais, respectivamente, do que o volume esperado para o mês de janeiro.

Em 24 horas, Anchieta teve 266,4 mm de chuva. Irajá, no mesmo período, teve 213,6 mm.

Previsão

As temperaturas voltam a aumentar nesta segunda-feira (15). Combinadas com a umidade ainda elevada, favorecem as pancadas de chuva isoladas à tarde e à noite, que podem voltar a ocorrer de forma forte e localizada no Grande Rio.

Embora não haja expectativa de chuva generalizada e volumosa, ainda há risco de alagamentos de vias, transbordamento de rios e até mesmo deslizamentos.

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