Governador anuncia contratação imediata de 85 brigadistas para o combate às queimadas

Governador anuncia contratação imediata de 85 brigadistas para o combate às queimadas


Governador Wilson Lima participou de coletiva na sede do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Foto: Daniel Brandão)

Governador Wilson Lima participou de coletiva na sede do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Foto: Daniel Brandão)

O governador Wilson Lima (União) anunciou, nesta quarta-feira (14), a contratação de imediata de 85 de um total de 153 brigadistas temporários para atuarem no combate a queimadas  no Sul do Amazonas. Também anunciou  a convocação de 200 bombeiros em treinamento de combate a incêndios florestais e o aumento de 55% nos valores das diárias dos brigadistas, que podem variar de R$ 120 a R$ 282, a depender da função e formação. 

Durante entrevista coletiva realizada na sede do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Wilson Lima informou que o treinamento dos 153 brigadistas foi iniciado em junho, após o anúncio de parceria de aproximadamente R$ 1 milhão com a empresa KFW da Alemanha. Os 85 brigadistas contratados  devem iniciar os trabalhos na próxima semana. 

O governador informou que no dia 2 de janeiro os bombeiros iniciaram os cursos de formação dos alunos soldados e que agora será feita a convocação de 200 deles para atuarem no combate a incêndios florestais. Disse que o aumento de 55% nas diárias dos brigadistas serão para servidores da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Ipaam, Polícia Militar e Secretaria de Meio Ambiente.

“O ideal é que no período mais intenso da estiagem, a gente tenha pelo menos mil homens atuando nos municípios que representam situações mais complicadas, situações mais difíceis, do ponto de vista das queimadas”, informou Wilson Lima.

Wilson Lima ressaltou que o Estado precisa de equipamentos para o enfrentamento às queimadas.

“Nós precisamos de aviões que carregam uma quantidade significativa de água, precisamos de helicópteros, drones e outros equipamentos importantes, por exemplo: viaturas, auto bomba tanque, abafadores, equipamentos para os brigadistas, bombeiros e pessoal do PrevFogo”, disse.

 Ele explicou que a maioria dos focos de incêndio que estão acontecendo dentro de áreas federais, em áreas indígenas. E cobrou ação do governo federal.

“Em nenhum momento o estado vai se eximir dessa responsabilidade de combater esses incêndios, mas sozinhos nós não conseguimos. É necessário que o governo federal também comece a fazer a sua parte e de forma mais incisiva”, cobrou.

De acordo com o Ipaam, as maiores concentrações de incêndios estão em Apuí, Novo Aripuanã, Lábrea, Manicoré e Humaitá. Já na  Região Metropolitana de Manaus estão em Autazes e Iranduba. Ele também citou Maués. 

O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Joel Araújo, afirmou ao A Crítica que os incêndios estão ocorrendo em assentamentos federais, mas que não se trata de terras indígenas ou unidades de conservação. 

“Isso não exime o estado de atuação. Nos Assentamentos a competência de atuação é dupla, pois o estado é quem licencia o desmatamento e o uso do fogo, portanto tem competência para atuar”, afirmou.

Questão imobiliária

Ao ser questionado sobre os motivos das queimadas no Sul do Amazonas, o presidente do Ipaam, Juliano Valente, afirmou que as questões imobiliárias estão sendo um novo fato mapeado como causadores dos incêndios florestais. 

“Para vocês terem ideia, nós descobrimos agora, apareceu mais um dado, das questões imobiliárias. A maioria desses incêndios acontecem em área rural, um lugar de difícil acesso, quando um incêndio da região metropolitana acontece, nós já temos outro fenômeno, que é a grilagem de terras, com especulação imobiliária”, disse Valente.

De acordo com o mapeamento divulgado pelo  Ipaam, nesta quarta-feira foram registrados 381 incêndios e somente 3 estão na região metropolitana. 

Joel Araújo ressaltou que a maioria dos incêndios está em áreas federais e que o “grosso” é feito para proveito do agronegócio, muito presente na região Sul do Amazonas. 
Juliano Valente disse que uma das dificuldades para identificar e prender os autores dos incêndios criminosos é a extensão do estado. 

“A gente tenta mostrar nas telas, mas vocês não têm ideia da dimensão que é uma operação nossa. Então, é muito difícil, porque as queimadas do estado do Amazonas, em particular, são intencionais, elas são feitas para que aquilo aconteça. Pois quando conseguimos uma prisão, é que pegamos em flagrante”, informou Valente.

BR-319

O governador reforçou que a área mais difícil do combate às queimadas é a dimensão da BR-319, pela dificuldade de acesso. 

“Uma das áreas de grande influência, o arco do fogo, é na BR-319, a gente não consegue chegar lá e o criminoso consegue porque ele se planeja, 15 ou 20 dias antes, chega lá, taca fogo e quando aparece o alerta, todo mundo já fugiu. É muito difícil acesso porque não temos estradas e só conseguimos de aeronaves e ainda assim, não tem onde pousar”, disse Lima.

O comandante do Corpo de bombeiros, Alexandre Gama, informou que só os incêndios da Região Metropolitana de Manaus são insuficientes para deixar a capital encoberta por fumaça e que o monitoramento da rota dos ventos na região amazônica muda diariamente e traz de outros lugares. 

O único incêndio registrado em Manaus na manhã desta quarta-feira, segundo Gama, foi uma ocorrência em uma fábrica de salgadinhos, que precisou de 12 viaturas e 160 mil litros de água para conter e fazer o rescaldo, por ser próximo a residências. 

“A gente percebe que não há incêndios florestais na região de Manaus. Pelos painéis que nós monitoramos não há incêndios florestais em Manaus e entornos. Então, essa fumaça vai carreada e vai mudando conforme cada dia, com a direção do vento e as condições climáticas também e com essas mudanças, a gente percebe uma concentração maior ou menor de fumaça na região”, relatou o comandante do CBMAM.

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