Sebrae lança relatório sobre barreiras de crédito para mulheres empreendedoras durante evento do Brics

Sebrae lança relatório sobre barreiras de crédito para mulheres empreendedoras durante evento do Brics

 Publicação destaca desigualdades enfrentadas por quem lidera negócios e propõe caminhos concretos para ampliar o acesso a financiamento nos países do bloco



Número de empreendedores com mais de 60 anos bate recorde no Brasil e ganha diversidade

Porto Velho, RO - A publicação, intitulada “Mulheres empreendedoras em movimento: superando barreiras de crédito”, será apresentada nesta sexta-feira (4), pelo Sebrae, durante a plenária anual da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics (WBA), realizada no Museu de Arte do Rio (MAR), revelando os obstáculos enfrentados por mulheres que tentam acessar crédito para empreender.

O relatório reúne dados, análises e propostas para enfrentar a desigualdade no financiamento de pequenos negócios chefiados por mulheres. De acordo com os dados do Sebrae, mulheres que lideram empreendimentos no Brasil pagam, em média, juros anuais de 29,3%, contra 20,3% para empresas lideradas por homens. Além disso, o valor médio do crédito concedido a elas é R$ 13 mil menor.

Participam da aliança o Sebrae, a CNI e representantes dos países membros do Brics.
Crédito desigual, oportunidades limitadas

As disparidades não se explicam apenas pelos números. O relatório destaca como fatores sociais, como a carga desproporcional de trabalho doméstico — que consome, em média, 21,4 horas semanais das brasileiras —, limitam o tempo e a energia dedicados aos negócios. Além disso, muitas enfrentam entraves como exigência de garantias, burocracia e discriminação estrutural nas análises de crédito.

“Essa realidade impede que muitas mulheres transformem suas ideias em negócios prósperos, limitando seu potencial de geração de renda e emprego”, afirma a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho.

Impacto econômico e social

O relatório também se apoia em estudos internacionais para mostrar que a equidade no acesso ao empreendedorismo tem efeitos diretos sobre a economia global. De acordo com o programa Women’s Wealth, a equiparação de oportunidades entre homens e mulheres poderia adicionar de US$ 2,5 trilhões a US$ 5 trilhões ao PIB mundial, representando um crescimento de 3% a 6%.

Para a chair global da WBA, Mônica Monteiro, o reconhecimento dessas barreiras é um passo essencial. “Nosso objetivo é provocar ação — por parte de governos, empresas e da sociedade — para que mais mulheres tenham condições reais de transformar suas ideias em negócios sustentáveis e de impacto”, destaca.

Soluções já em prática

O documento também aponta soluções que já vêm sendo implementadas no Brasil. Uma delas é a Caravana Sebrae Delas, programa que percorre o país com ações de apoio a empreendedoras. Outra iniciativa é o uso do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) para garantir até 100% dos empréstimos solicitados por negócios liderados por mulheres.

Além disso, o Sebrae oferece capacitação, mentoria e suporte técnico para esse público, com foco na redução das desigualdades de gênero e no fortalecimento do protagonismo feminino na economia.

Cooperação e política pública

O relatório enfatiza a necessidade de abordagens integradas, sensíveis ao gênero, para transformar o cenário. Isso inclui inovação aberta, parcerias com grandes empresas, uso de tecnologias digitais e colaboração entre setor público, setor privado e sociedade civil.

Segundo Geórgia Nunes, gerente de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae, o material representa um marco para o posicionamento do Brasil dentro da agenda do Brics. “Essa publicação contribuirá para o debate qualificado sobre inclusão financeira e servirá de base para políticas públicas e programas de apoio mais alinhados às reais necessidades das empreendedoras”, afirma.

Sobre o evento

A plenária da WBA acontece no Museu de Arte do Rio (MAR) e reúne representantes dos países do bloco — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — para consolidar os trabalhos desenvolvidos ao longo do ano sob a presidência brasileira. A missão da Aliança é promover a inserção econômica de mulheres e ampliar a cooperação entre empresas femininas, com foco na redução das desigualdades e no fortalecimento das economias emergentes.

Fonte: Carta Capital

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