RADAR
Por Robson Benin

Esperança do partido era lucrar com a liderança do atual presidente na oposição aos projetos de Lula

Estava tudo certo no PL de Valdemar Costa Neto para Jair Bolsonaro sair da sombra e voltar a liderar a oposição contra Lula. A fala golpista do presidente em fim de mandato, no fim de semana, no entanto, deu um banho de água fria nos aliados do atual partido.

Fazer oposição é criticar propostas e ideias do governo de turno, não ameaçar virar a mesa com o apoio de militantes aloprados e militares indisciplinados. Bolsonaro terá capacidade de fazer oposição política fora do discurso radical e golpista? Muita gente no PL de Valdemar, que já andava descrente, começou a confirmar seus temores nos últimos dias.

Se tivesse maioria para rifar Bolsonaro, a ala do PL mais moderada já teria aderido a Lula e mandado o atual presidente para casa sem aluguel nem escritório pagos pelo partido. Como a sigla ainda tem hoje boa parte da bancada formada por adoradores de Bolsonaro, Costa Neto e seus aliados precisarão aguardar a janela partidária do próximo ano, quando esperam angariar novos nomes no Congresso para construir maioria diante dos radicais bolsonaristas. Os novos filiados, atraídos pelo orçamento bilionário da sigla, tenderiam a não comprar as ideias radicais do bolsonarismo. Como Costa Neto e seus velhos aliados bem sabem, é péssimo negócio não ser governo.

Se Bolsonaro, como esperam os aliados de Valdemar, perder relevância política na sociedade por sua falta de capacidade de falar aos milhões de eleitores que votaram nele, o desembarque de Bolsonaro do partido será rápido, muito rápido. A conferir.