Anatoliy Tkach falou no dia em que se completa um ano da invasão da Ucrânia pela Rússia. Presidente Lula tem defendido ação conjunta para encerrar conflito na região.

O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, fala em Brasília no dia em que a invasão russa completa um ano. — Foto: Filipe Matoso / g1
1 de 1 O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, fala em Brasília no dia em que a invasão russa completa um ano. — Foto: Filipe Matoso / g1

O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, fala em Brasília no dia em que a invasão russa completa um ano. — Foto: Filipe Matoso / g1

O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou nesta sexta-feira (24) que o país "não aceitará a paz a qualquer custo" e que um eventual acordo com a Rússia depende da saída das tropas de Vladimir Putin dos territórios ucranianos.

Tkach deu a declaração ao conceder uma entrevista coletiva à imprensa sobre um ano da invasão russa.

"A Ucrânia está se defendendo no seu próprio território, defendendo seus cidadãos. A Ucrânia deixou claro que não aceitará a paz a qualquer custo. Não vamos concordar com nada que mantenha os territórios ucranianos ocupados e coloque nosso povo em dependência da vontade do agressor" declarou Tkach.

"Apaziguar com o agressor levaria a mais atrocidades. Precisamos de mais equipamentos, militares e munições", completou.

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Segundo o encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, até o momento, a Rússia:

  • lançou mais de 5 mil mísseis contra a Ucrânia;
  • fez mais de 3,5 mil ataques aéreos no país;
  • fez mais de 1 mil ataques de drones na região;
  • destruiu mais de 60 mil prédios residenciais.

Conversa de Zelensky com Lula

Durante a entrevista desta sexta-feira, Anatoly Tkach confirmou que os governos ucraniano e brasileiro articulam uma conversa por telefone entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Lula. A data ainda não foi definida.

Questionado se Zelensky convidará Lula a ir visitar a Ucrânia, o encarregado de Negócios disse que a ideia é "muito boa", mas que não há confirmação de que um eventual convite será feito.

"A conversa ainda não aconteceu, por isso eu não posso confirmar se o presidente convidou ou não convidou. Mas a ideia é muito boa do ponto de vista de que, no caso de disponibilidade de o presidente Lula ir para a Ucrânia, isso pode mudar a percepção toda do Brasil", afirmou.

Anatoly Tkach também foi questionado sobre uma declaração recente do presidente Lula na qual o brasileiro disse, ao comentar a guerra, que "quando um não quer, dois não brigam".

O representante de Negócios do país no Brasil, então, disse que não se pode "equiparar" as ações russas e ucranianas na guerra.

"Nós não podemos equiparar as posições da Rússia e da Ucrânia. A Ucrânia está se defendendo no seu próprio território e defendendo seu povo. Se a Ucrânia parar de lutar, a Ucrânia deixará de existir. Se a Rússia parar essa agressão, a guerra simplesmente acaba", afirmou.

Nesta quinta (23), o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Galuzin, afirmou em entrevista à agência russa Tass que o governo de Vladimir Putin estuda uma proposta de paz apresentada por Lula.

Ucrânia não quer guerra 'prolongada'

Ao fazer uma análise deste um ano de guerra na região, o representante da Ucrânia no Brasil disse que o país não quer que a guerra seja "prolongada", mas "lutará o tempo que for necessário".

Na avaliação de Tkach, a Rússia quer "destruir" a Ucrânia.

"Putin cometeu um erro fatal. A propaganda russa afirmava que a Ucrânia duraria dias, mas a Ucrânia parou as tropas russas e conseguiu liberar a metade dos territórios recém-ocupados por meio de contraofensivas bem-sucedidas", declarou.

"A Rússia não mudou seus planos de destruir a Ucrânia. Cada vez que a Rússia pede negociações, suas tropas fazem o oposto. Estão tentando realizar uma nova ofensiva. O Kremlin [sede do governo russo] continua com aquisição de armas através de aliados e também aumentou a produção própria", completou o ucraniano.