Israel cancela reunião na ONU após Guterres dizer que ataque do Hamas 'não aconteceu por acaso'

Israel cancela reunião na ONU após Guterres dizer que ataque do Hamas 'não aconteceu por acaso'


António Guterres, secretário-geral da ONU — Foto: GloboNews/Reprodução
1 de 1 António Guterres, secretário-geral da ONU — Foto: GloboNews/Reprodução

Em discurso de abertura da sessão, o secretário-geral falou ainda de uma "ocupação sufocante" de Israel na Faixa de Gaza.

"É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas", discursou Guterres.

Ele disse, em seguida, que "os sofreres do povo palestino não podem justificar os ataques do Hamas".

Ainda assim, Israel criticou a fala. Em represália, além de o chanceler cancelar a reunião que teria com Guterres, e o embaixador do país na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão "imediata" do secretário-geral.

"Eu peço que ele se demita imediatamente. Não há justificativa ou sentido em falar àqueles que mostram compaixão às mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu", disse Erdan.

António Guterres não havia respondido às críticas de Israel até a última atualização desta reportagem.

Ainda em seu discurso, ele afirmou que cerca de 35 funcionários da ONU morreram em Gaza desde o início da guerra e pediu novamente para que Israel e Egito destravem negociações para a entrada de ajuda humanitária no território - até agora, apenas três comboios com menos de cem caminhões foram permitidos em Gaza.

Um novo comboio de caminhões - que estão parados em uma fila quilométrica no Egito - entraria nesta terça-feira na Faixa de Gaza, mas a ONU disse que os veículos não tiveram autorização para cruzar a fronteira e tentarão de novo na quarta-feira (24).

A ONU disse que ajuda que já chegou não é nem um terço de todos os itens que os palestinos em Gaza precisam.

"Gaza precisa de envios frequentes de ajudas humanitárias de acordo com a enorme necessidade. E essa ajuda tem que ser sem nenhuma restrição", disse.

Na mesma sessão o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, defendeu os bombardeios de seu país na Faixa de Gaza e disse que a guerra "é uma questão de sobrevivência".

"Para nós, (a guerra) é uma questão de sobrevivência. O mundo livre precisa se lembrar, precisa nunca esquecer o que ocorreu dia 7 de outubro. A resposta proporcional aos ataques do Hamas a Israel é eliminar o Hamas totalmente", declarou.

Já Riyad al-Maliki, Ministro das Relações Exteriores da Palestina, agradeceu aos países vizinhos, ao Brasil e à ONU pelo apoio recebido durante a reunião do Conselho de Segurança.

"Precisamos de uma realidade em que palestinos e israelenses não sejam mortos e que tenham paz e segurança. Essa realidade é que merece todos os esforços e investimentos", disse ele.

Postar um comentário

0 Comentários