Lula deu a declaração durante coletiva de imprensa em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde participou neste sábado (17) da 37ª Cúpula da União Africana.
Na última quarta-feira (14), dois detentos fugiram do presídio de segurança máxima de Mossoró. A fuga é inédita no sistema penitenciário federal, que conta com cinco unidades no país.
"Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma investigação [que] está sendo feita pela polícia local, pela Polícia Federal, nos indique, amanhã ou depois de amanhã, o que aconteceu no presídio de Mossoró", afirmou Lula.
O presidente destacou que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já determinou a apuração se houve a participação de alguém que trabalhava no presídio. Ele afirmou esperar que os presos sejam capturados.
"Obviamente que nós queremos saber como é que esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltaram contratar uma escavadeira", ironizou o petista.
Lula disse ainda que pode ter havido um "relaxamento", que possibilitou a fuga dos detentos.
Depois da coletiva de imprensa, Lula embarcou na Etiópia para a viagem de volta ao Brasil. O desembarque do petista em Brasília está previsto para as 23h deste domingo.
Antes do embarque para o Brasil, o presidente se reuniu com Mohamed al-Menfi, presidente do Conselho Presidencial da Líbia. Segundo o Palácio do Planalto, al-Menfi pediu a Lula a reabertura da embaixada do Brasil no país, que, em 2014, foi transferida para a Tunísia em razão de uma crise na Líbia.
Ministro da Justiça embarca para acompanhar investigações de fuga em Mossoró (RN)
Lewandowski viaja a Mossoró
Lewandowski viajou acompanhado do diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza. A comitiva deve chegar ao município por volta das 9h20, com recepção da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Segundo o Ministério da Justiça, o grupo e o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, devem se reunir com os responsáveis pelas equipes de busca dos fugitivos no estado.
A fuga é a primeira registrada desde a fundação do sistema penitenciário federal, em 2006, e marca a primeira crise da gestão de Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça, iniciada no último dia 1º.
Os criminosos estavam detidos na unidade de Mossoró desde setembro de 2023. Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, também conhecido como "Tatu" ou "Deisinho", foram transferidos para a penitenciária após se envolverem em uma rebelião no presídio de segurança máxima em Rio Branco (AC).
De acordo com o Ministério da Justiça, cerca de 300 agentes participam da operação, que conta com o apoio de três helicópteros e drones. Os profissionais integram os quadros da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e de forças de segurança estaduais.
Os nomes dos criminosos estão inscritos na lista vermelha da Interpol desde a última sexta (16). A lista é utilizada para cooperação entre polícias de diferentes países quando criminosos perigosos conseguem fugir das nações onde são procurados.
Segundo o ministro, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) deve receber:
- ampliação do sistema de alarmes
- reforço de agentes de segurança
- aperfeiçoamento do sistema de entradas nos presídios, com implantação de reconhecimento facial
- construção de muralhas
O Ministério da Justiça afirma que já há duas investigações abertas a respeito da fuga. Em uma delas, a pasta apura, de forma administrativa, eventuais responsáveis pelo episódio. A Polícia Federal conduz a segunda, que apura eventuais crimes cometidos por agentes na escapada dos criminosos.
Buscas por fugitivos de presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) — Foto: Arte g1
Buscas
Um grupo da unidade de elite da Polícia Federal chegou ao Aeroporto de Aracati, no Ceará, na manhã desta sexta, para se unir à operação de fiscalização e buscas na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte .
Foram enviados 25 integrantes do Comando de Operações Táticas da PF (COT), unidade de elite da PF, e 7 policiais do Grupo de Resposta Rápida da PRF (GRR).
Foragidos da penitenciária de Mossoró fizeram um casal refém por 5 horas
Relembre detalhes da operação:
- Uma casa que fica a 7 km do presídio foi invadida entre 18h e 21h de quarta. Os criminosos levaram roupas, sapato e outros itens pessoais.
- Na madrugada de sexta (16) roupas e pegadas foram encontradas por policiais na zona rural de Mossoró. O morador da casa confirmou que uma colcha encontrada na mata é dele. "A polícia esteve aqui, mostrou as fotos pra mim, e a colcha é minha, o resto não", disse.
- Na manhã de sexta, a força-tarefa que busca pelos dois fugitivos encontrou uma camiseta de uniforme de presidiário na Zona Rural de Mossoró.
- Na noite de sexta, os fugitivos invadiram uma casa na zona rural, fizeram uma família refém, pediram para acessar redes, jantaram e roubaram celulares.
- A Polícia Federal recolheu material biológico em uma propriedade na qual Deibson e Rogério teriam furtado roupas e objetos.
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